
Após 38 anos como repórter da TV Globo, o novo desafio do jornalista Marcos Uchôa (PSB-RJ) é ocupar uma cadeira na Câmara dos Deputados e ter como principal bandeira a luta por um Brasil com melhor distribuição de renda e condições de trabalho e emprego.
Com larga experiência no jornalismo internacional, seja na cobertura de guerras ou esportiva, Uchôa sabe bem das alegrias e dificuldades de ser brasileiro no exterior. Para ele, a primeira vez em quase 40 anos, que se sentiu menosprezado foi recentemente já no governo Bolsonaro.
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“O Bolsonaro é detonado nos Estados Unidos, ninguém está interessado em conversar com ele lá fora. O [Joe] Biden convidou ele porque o México não foi e seria impossível ter uma Cúpula das Américas sem os dois maiores países americanos. O Bolsonaro está ‘queimadasso’ fora do Brasil, ele não tem estofo internacional para ser uma figura política respeitável. É pouco capaz e arruinou a imagem do Brasil lá fora”, avalia o jornalista.
Em entrevista ao Podcast Lado B, Uchôa comparou a imagem do atual presidente com a do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), pré-candidato a presidência da República.
“O trabalho do Fernando Henrique fora era bem mais leve, mas quando o Lula entra começa uma agenda de 8h da manhã às 11h da noite e ele falava de fome de uma maneira que ninguém nunca tinha falado. Se tornou um fenômeno. No primeiro mandato ele já tinha dobrado o comércio exterior do Brasil. Houve um resultado muito concreto para o Brasil em termos de dinheiro. Era sempre um sucesso as visitas dele e isso ficava nítido em nossa cobertura”, lembra.
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Apesar dos elogios, Uchôa também destacou os erros do PT, principalmente, a ausência de um plano de Comunicação. “Isso foi uma falha gravíssima. Eu mesmo falei para ele que estava faltando construir uma comunicação própria porque a mídia tradicional não vai fazer”, avalia.
Ele menciona a pesquisa presente no livro “Um país chamado favela”, de Renato Meirelles e Celso Athayde. “Ainda em 2013 quando se perguntava às pessoas na favela ao que se devia a melhora da qualidade de vida delas e as respostas eram sempre ao meu esforço e a Deus. Ou seja, depois de dez anos e de tudo que melhorou na vida das pessoas, até a ONU falava da saída da pobreza no Brasil e o PT não conseguia passar isso”, avaliou.
PSB é hoje o partido que ajuda a construir a unidade que o Brasil precisa
A primeira aproximação de Marcos Uchôa com o PSB foi a partir do deputado federal e pré-candidato ao governo do Rio de Janeiro, Marcelo Freixo. E para ele, o partido foi a melhor escolha para tornar viável seus projetos de reconstrução da economia para melhorar a vida das pessoas.
“O PSB hoje é o partido da esquerda que está mais aberto à essa ideia de que temos que caminhar juntos até lá, quando a gente chegar lá a gente conversa. Mas há tanta coisa para fazermos juntos até lá para tirar Bolsonaro e acho que o PSB é o partido que melhor entendeu isso”, avalia.
“Eu quero representar a possibilidade da volta de diálogo. De conversas com pessoas que hoje não estão conversando, mas que podem conversar. Minha imagem pública, nesses 38 anos de jornalismo, é a de alguém que busca o diálogo, que quer ouvir as pessoas genuinamente, que se interessa pela opinião das pessoas. Acho que tenho um trânsito bom com pessoas de direita, de centro e de esquerda”, avalia.
Primeiro passo é recuperar o emprego e a qualidade de vida do brasileiro
Para Marcos Uchôa, em uma provável eleição, sua principal bandeira na Câmara dos Deputados será lutar para a recuperação do trabalho, emprego e renda para retomar, minimamente, a qualidade de vida do brasileiro.
“O que eu sei fazer é dialogar, argumentar e com provas. Não tenho inocência de que será fácil, há muita gente que ali transita por interesses privados e o lobby é um problema das democracias que está se agravando, mas o principal é saber dialogar também com esses interesses”, pondera.
Porém, para ele a prioridade é devolver à população a dignidade de acordo com as mudanças que a tecnologia impôs ao mundo do trabalho. “Há uma mudança estrutural nos empregos que é resultado das tecnologias, que está reconfigurando os postos de trabalho, deixando muitas pessoas desempregadas, outras em subemprego. Precisamos pensar uma maneira de garantir o mínimo dos direitos trabalhistas para que as pessoas tenham condições de trabalhar e viver, ter momentos de felicidade e qualidade de vida”, disse.