
O empresário Dody Sirena, responsável pela carreira do cantor Roberto Carlos há 27 anos, agora também comandará os próximos passos do ex-juiz da Operação Lava-Jato, Sergio Moro.
De acordo com informações divulgadas pelo colunista Lauro Jardim, do jornal O Globo, Moro fechou um contrato para que a empresa Delos Cultural administre sua imagem e a carreira como palestrante corporativo.
A Delos é um braço voltado à área do conhecimento dentro da DC Set, que tem Sirena como sócio-fundador e já atuou junto a uma constelação nacional e internacional, que inclui desde Michael Jackson a Fafá de Belém, passando, é claro, por Roberto Carlos.
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Cinco meses após o empresário e o ministro terem sido apresentados, em dezembro de 2019, Moro deixou o governo de Jair Bolsonaro e passou a ser cotado como presidenciável para as eleições de 2022. Além do presidente como um adversário político, Moro ganhou, naquele fim de abril, tempo livre na agenda antes ocupada pelas atribulações de seu “superministério”, onde cuidava também da Segurança Pública. Foi então que a DC Set o procurou.
“Já admirávamos Moro pela liderança que sempre exerceu no combate à corrupção”, afirma Rodrigo Mathias, CEO da DC Set, descrevendo a personalidade do ex-ministro, para além da seriedade: “A relação pessoal mostrou um lado humano, sensível e descontraído do ex-ministro, que não imaginávamos. Foi uma grata surpresa”.
‘Vida fora da política’
Entre os projetos previstos pela empresa e por Moro para os próximos meses, estão uma sequência de ao menos dez palestras corporativas e o lançamento de um livro pela editora Sextante, previsto para abril. A obra, que ainda está sendo escrita, abordará temas de corrupção e compliance, amplamente tratados por Moro enquanto palestrante.
“A passagem pelo ministério agrega-se à experiência na magistratura e na Lava-Jato. A mensagem principal é fazer a coisa certa, não importam as circunstâncias. Pode-se perder o cargo, mas não a alma”, afirmou Moro, em entrevista ao mesmo jornal.
O lançamento do livro, conforme explica Rodrigo Mathias, envolverá uma turnê de lançamento em capitais brasileiras e no exterior. Ainda que o CEO da DC Set afirme que “não existe qualquer pretensão política” na parceria com Moro, é provável que a peregrinação funcione como um termômetro para a eleição presidencial do ano seguinte. É o que avaliam aliados do ex-juiz, embora o próprio afaste a relação entre a nova parceria e uma candidatura ao Planalto.
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“Quando se lança um livro, é natural promover o lançamento. Uma das formas de divulgação é a realização de palestras que poderão ser virtuais ou presenciais. Não é e nem será uma campanha política. Há vida fora da política”, pontua o ex-ministro, que se encontrou recentemente com o apresentador Luciano Huck, despertando rumores de que ambos formariam uma chapa na disputa pelo Planalto.
“Turnê” em meio à pandemia
A possibilidade de que os eventos sejam virtuais considera a indefinição sobre a vacinação contra a Covid-19 no país. Moro defende que a pandemia seja tratada “com responsabilidade” e se prepara para discursar descontraidamente, ainda antes do lançamento do livro, porque considera que o ambiente digital pode ser cansativo.
Antes de Moro, a mulher dele, Rosangela Wolff Moro, chega às prateleiras das livrarias este mês com a obra “Os dias mais intensos — Uma história pessoal de Sergio Moro”, da editora Planeta. Nela, os bastidores da vida pública do ex-ministro são relatados sob o ponto de vista da advogada, com quem ele vive há 21 anos.