
Sete meses após deixar o governo, em meio a um conflito com o presidente Jair Bolsonaro, o ex-juiz e ex-ministro da Justiça Sergio Moro foi anunciado neste domingo (29) como novo diretor da empresa de consultoria americana Alvarez & Marsal. O escritório atua como administradora judicial da Odebrecht, empreiteira investigada pela Lava Jato.
No anúncio divulgado em seu site, a empresa afirma que o ex-juiz vai comandar a área de disputas e investigações a partir de dezembro. O objetivo, segundo o comunicado, é que Moro possa “desenvolver soluções para disputas complexas, investigações e questões de compliance” para os clientes da empresa, com base em sua experiência governamental.
Em entrevista ao Valor Econômico, Moro também destacou que sua experiência de 22 anos como magistrado o ajudou a construir uma expertise em temas como crimes de colarinho branco e lavagem de dinheiro.
“No setor privado brasileiro, principalmente depois da Lava-Jato, houve um despertar das empresas, do setor empresarial brasileiro, em relação à necessidade de imprimir políticas de integridade e de compliance. Isso também decorre de um movimento internacional em prol da integridade”, disse.
O fato da Alvarez & Marsal ter em sua carteira de clientes a Sete Brasil, a Odebrecht e a Queiroz Galvão, todas investigadas na Lava-Jato, não é encarado por Moro como fonte de potenciais constrangimentos. O contrato também inclui cláusula prevendo que ele não atue em casos que possam gerar conflitos de interesse.
“O papel da Alvarez & Marsal não é de atuar em defesa dessas empresas. É buscar o aprimoramento, a reestruturação, em alguns casos, ou, às vezes, como se diz aqui, a adoção de políticas efetivas de conformidade”, frisou o ex-ministro.
Ao ser questionado se o novo cargo irá atrapalhar a possibilidade de uma candidatura nas eleições de 2022, Moro se esquivou do assunto: “O foco agora é trabalhar com o setor privado para implementar essas políticas de integridade e anticorrupção”, disse.
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