
O ex-ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro depôs por cerca de 8 horas na Superintendência da PF (Polícia Federal) em Curitiba, no Paraná, no inquérito que apura as acusações que fez ao presidente Jair Bolsonaro. Segundo Moro, Bolsonaro tentou interferir politicamente nas investigações da PF (Polícia Federal). No depoimento, o ex-juiz reafirmou as alegações.
Moro chegou próximo às 14h desse sábado (2) e deixou o local por volta de 23 horas. De acordo com reportagem do jornal Estadão, Moro apresentou à PF áudios, e-mails e conversas que teve com Bolsonaro durante seu tempo como ministro.
O inquérito foi aberto junto ao STF (Supremo Tribunal Federal) à pedido do procurador-geral da República, Augusto Aras. O relator é o ministro da Corte Celso de Mello.
Caso Moro não comprove suas acusações, poderá ser responsabilizado por calúnia e denunciação caluniosa.
O ex-juiz teve seu depoimento acompanhado por 3 procuradores designado pelo chefe da Procuradoria Geral da República, Augusto Aras. São eles João Paulo Lordelo Guimarães Tavares, Antonio Morimoto e Hebert Reis Mesquita.
Um dos advogados contratados pelo ex-ministro para defendê-lo é Sánchez Rios. O secretário-geral da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) defendeu os ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha e o empresário Marcelo Odebrecht, que foram presos na Operação Lava Jato –investigação policial em Curitiba que fez Moro ficar conhecido nacionalmente.
As acusações
O estopim da crise foi a demissão de Maurício Valeixo, aliado de Moro, da diretoria geral da PF. O ex-juiz afirma ainda que assumiu o ministério com a promessa de “carta branca” para definir cargos de chefia, mas que o compromisso foi descumprido.
Ao deixar o governo, Moro disse que a exoneração se deu porque o presidente queria uma pessoa de seu “contato pessoal” em cargos de comando na PF para poder obter relatórios de inteligência.
“O presidente me falou que tinha preocupações com inquéritos no Supremo, e que essa troca seria oportuna por esse motivo, o que gera uma grande preocupação”, declarou Moro. “O problema não é quem entra na PF… O problema é trocar o comando e permitir que seja feita a interferência política no âmbito da PF”, afirmou.