
As mulheres comandarão a maioria dos ministérios do Chile. O presidente eleito do país, Gabriel Boric, anunciou nesta sexta-feira (21) os nomes do alto escalão do seu governo. São 14 mulheres e 10 homens na equipe.
A posse será no dia 11 de março, pouco depois de completar 36 anos. Assim como ele, a nova gestão chilena será composta também por pessoas jovens, definido por alguns analistas como “governo sub-35”, em alusão à média de idade dos seus integrantes.
“Temos certeza que a riqueza do Chile está, justamente, na diversidade de sua gente. Esse gabinete tem a missão de lançar as bases para as grandes reformas que nos propusemos realizar em nosso programa”, afirmou em pronunciamento o presidente eleito.
O principal nome escolhido é da médica de 35 anos Izka Siches. Ela será a primeira mulher a comandar o Ministério do Interior. Quem assume o cargo também tem a missão de substituir o presidente, em caso de ausência. No Chile não existe vice-presidente.
Siches teve papel fundamental para a vitória de Boric como coordenadora de campanha. Ela é presidente do Colégio Médico do Chile e ganhou reconhecimento nacional por sua atuação na pandemia da covid-19.
Porém, o nome que teve maior repercussão foi o de Maya Fernández Allende, neta do ex-presidente chileno Salvador Allende. Nomeada como ministra da Defesa, comandará as Forças Armadas, que bombardearam o Palácio de La Moneda quando seu avô era presidente do Chile.
Movimento estudantil do Chile
A mais nova a ocupar um cargo no governo é Camila Vallejo. Com 33 anos, a ela veio do movimento estudantil chileno e será a ministra da Secretaria Geral de Governo, a porta-voz da gestão Boric.
Com apenas 23 anos, se tornou presidente da Confederação dos Estudantes do Chile (Confech) e liderou as maiores manifestações no país pela gratuidade na educação, em 2011.
Dois anos depois, se candidatou à Câmara dos Deputados pelo Partido Comunista e foi eleita a deputada mais votada do Chile naquela eleição com 62 mil votos.
Em seu segundo mandato na Câmara, como opositora ao governo de Sebastián Piñera, defendeu a redução da jornada de trabalho de 45 para 40 horas por semana. Além da luta pelas causas feministas, incluindo a igualdade salarial. Foi reconhecida pela Anistia Internacional por sua luta pelos direitos humanos.
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Também integram o governo Boric a ex-prefeita Marcela Hernando (Ministério de Mineração), a ex-presidente da Comissão Interamericana de Direitos Humanos, Antonia Urrejola (Ministério das Relações Exteriores); a médica Jeanette Vega (Ministério de Desenvolvimento Social e da Família), a antropóloga Julieta Brodsky (Ministério das Culturas), a jornalista Antonia Orellana (Ministério da Mulher), a ex-jogadora de futebol e filha de militante assassinada na ditadura (Ministério dos Esportes), Marisa Rojas (Ministério do Meio Ambiente), a advogada Javiera Toro (Ministério de Bens Nacionais), a médica María Begoña Yarza (Ministério da Saúde), a advogada Jeanette Jara (Ministério do Trabalho e Previdência Social) e a socióloga Marcela Ríos (Ministério da Justiça), que construiu parte de sua carreira dentro do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud).
Independentes
Outro tema destacado pela imprensa chilena são os nomes de independentes: serão oito de um total de 24, portanto, correspondem a um terço do gabinete. Entre a própria Maya Fernández Allende, também é o caso da Siches, que não milita atualmente em nenhum partido, apesar de já ter integrado as Juventudes Comunistas.
Entre os demais 16 ministros, há quatro integrantes do partido Convergência Social (o mesmo do presidente eleito Boric, e membro da Frente Ampla), três do Partido Comunista, dois do partido Revolução Democrática (membro da Frente Ampla), dois do Partido Socialista, um do partido Comunes (Frente Ampla), um do Partido Regionalista Verde, um do Partido Liberal (ex-Frente Ampla), um do Partido Radical e um do Partido Pela Democracia.
Com informações do Opera Mundi e g1