
A segunda edição do ‘Janelas pela Democracia – Impeachment Já’ foi marcada por uma nova onda de manifestação de políticos e artistas que declararam apoio à defesa do país, da Constituição e das instituições brasileiras.
Com a participação de representantes do PSB, PDT, Rede, PV e Cidadania, além de integrantes do #EstamosJuntos e #Somos70% -, da União Nacional dos Estudantes (Une) e da Frente Povo Sem Medo, a iniciativa também reforçou a urgente necessidade de afastamento de Jair Bolsonaro (sem partido) após o episódio da prisão do ex-assessor do filho mais velho do presidente, Fabrício Queiroz, na manhã desta quinta-feira (18).
Mediadores da live, os jornalistas Fábio Pannunzio e Emanuelle Pereira ainda chamaram a atenção para a importância de garantir a continuidade das investigações sobre a rede de fake news montada por Bolsonaro e seus aliados e de resgatar o iluminismo que foi perdido com a sombria gestão do atual presidente.
Hora de luta
Presidente do PSB, Carlos Siqueira disse que o momento é de reforçar a luta pelo país e de combater a “marcha autoritária do governo Bolsonaro.
“Temos tido, no STF [Supremo Tribunal Federal], decisões que asseguram o cumprimento da Constituição Federal. Nós todos precisamos ampliar o movimento ‘Janelas pela Democracia’, agregando os mais diferentes aspectos da sociedade para que o presidente da Câmara reaja e aceite um das dezenas de pedidos de impeachment contra o presidente que estão sob suas gavetas. É preciso que ele tenha coragem”, declarou, fazendo referência aos mais de 30 pedidos já protocolados na Câmara dos Deputados.
Ameaça e despreparo
Para Carlos Lupi, presidente nacional do PDT, o Brasil vive o mais grave momento da história pós-ditadura de 1964. “Temos um governo que não tem sensibilidade, que desconhece a medicina, que afronta as instituições, que se alimenta do ódio e que ameaça uma intervenção, com a presença de militares no poder”, declarou.
Para Lupi, as ameaças representam não apenas a falta de segurança de Jair Bolsonaro, mas também de alguém que não sabe o que é gestão pública e que não tem consciência do que é ser presidente da República. “Formamos o time de partidos para defender a democracia, o emprego e, neste momento de pandemia, a vida e a saúde dos brasileiros”, definiu. “Cada morte também aponta a responsabilidade do presidente. É preciso impedir que a ignorância continue”, disse o pedetista.
Para o ator e político Stepan Nercessian o ato desta quinta representa a chance de dar voz ao “combate sistemático contra o coronavírus e a luta pela democracia”. “Somos todos pela vida e todos pela democracia. Vamos deixar bem claro que não compactuamos com a morte, com a violência nem com a censura”, pediu.
Janelas do mundo
Relembrando as manifestações realizadas na Europa, em favor dos profissionais de saúde e artistas, e nos Estados Unidos, contra o racismo, o jornalista e ex-deputado federal Fernando Gabeira sublinhou que as janelas do Brasil têm a chance de se abrirem para garantir a manutenção do estado democrático. “As janelas se tornaram a nossa expressão nesse período. E a nossa luta, hoje, é para garantir a democracia, que está sendo ameaçada e depende, mais do que nunca, de todos nós”, definiu.
Vetor das crises
Em defesa dos elos mais frágeis da sociedade, a ex-ministra, ex-senadora e fundadora do partido Rede Sustentabilidade, Marina Silva afirmou que o Brasil vive um momento dramático de sua história, com a união de três graves crises: sanitária, política e econômica-social.
“O pedido de impeachment deve ser urgentemente apreciado porque o afastamento de Bolsonaro é um ato de legítima defesa do Brasil e dos brasileiros. Ele é o principal vetor do agravamento de todas estas crises. Por isso, em legítima defesa da vida, da democracia e da dignidade humana, impeachment já”, afirmou.
Conflitos e desrespeito
“Temos um governo que demonstra infinitas vezes que preza muito pouco pela democracia de nosso país. Um governo que vive um conflito diário com os outros poderes e não respeita a liberdade de imprensa”, ressaltou a senadora do Cidadania, Eliziane Gama (MA).
Criador do Movimento #Somos70porcento, Eduardo Moreira elencou as razões pelas quais o afastamento de Jair Bolsonaro se faz urgente. “Estamos vendo a economia sendo destruída, empresas serem perdidas, e um governo fazendo piada com isso. Não podemos aceitar esse tipo de destino para um país que tem tudo pra ser próspero”, ressaltou.
Em defesa da vida
Presidente da União Nacional dos Estudantes (Une) e representante da Frente Brasil Popular, Iago Montalvão defendeu que é hora de brasileiros se unirem contra o “governo da morte”. “Vivemos um dos momentos mais difíceis da história da humanidade e, no Brasil, temos que combater também um governo que despreza a vida de seus povos e que avança com o seu autoritarismo sobre a democracia e a constituição brasileira”, definiu.
Para Edson Carneiro “Índio”, Secretário Geral da Intersindical e da Central da Classe Trabalhadora, “a sabotagem do governo Bolsonaro e das orientações da ciência já levou a morte dezenas de milhares de pessoas, principalmente da parcela mais empobrecida da sociedade”. “Os seus reiterados crimes de responsabilidade contra a democracia e contra a vida exigem, nesse momento, ampla mobilização pelo impeachment já de Bolsonaro”, apontou.
Viramundo
Cantando a música “Viramundo”, o cantor e compositor Gilberto Gil afirmou que é preciso tomar consciência da necessidade de transformar a governança brasileira em algo promissor e positivo.
“As ameaças que começam a surgir, com os indícios que pode haver mudanças drásticas na nossa vida democrática já estão aí. Por isso, [é preciso ] um movimento como o ‘Janelas pela Democracia’ para garantir que tenhamos um governo que o Brasil precisa, que o Brasil merece”.