Entenda o movimento que Trump culpa pelos atos violentos em seu país e que faz Bolsonaro seguir pelo mesmo caminho ao atacar as manifestações contrárias ao seu governo

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou no Twitter no domingo (31) que pretende classificar como organizações criminosas, sob acusação de terrorismo, os movimentos “ANTIFA”, abreviação do antifascismo. A postagem foi compartilhada por Jair Bolsonaro, que também vem enfrentando manifestações contra o seu governo por torcidas organizadas que se definem antifascistas. Mas afinal, o que é esse movimento?
Embora se fale muito da existência de um “movimento antifa”, não podemos definir que há uma organização. Pelo contrário, é um movimento de ativistas sem uma estrutura formal que compartilham uma filosofia geral e táticas, mas que não possuem manifesto definido ou uma hierarquia.
Os militantes antifascistas compartilham causas como a luta contra o racismo, a homofobia, a xenofobia e, em geral, a proteção dos setores mais marginalizados e desfavorecidos da população. São conhecidos também por se oporem ao supremacistas brancos e políticos de extrema direita.
A palavra antifa, de acordo com o dicionário Merriam-Webster, foi usada pela primeira vez em 1946, em oposição ao nazismo após o final da Segunda Guerra Mundial. Mas nos Estados Unidos o termo começou a ser mais usado nos últimos anos, para agrupar a constelação de movimentos antifascistas que surgiram após a eleição de Donald Trump em 2016. Fato que tende a se repetir no Brasil com as manifestações contra o governo Bolsonaro marcadas para essa semana.
As raízes do movimento

A contração ‘antifa’ surgiu na Alemanha nazista, em 1930, como apelido da organização comunista Antifaschistische Aktion. Esse grupo foi o primeiro a adotar o logotipo com as duas bandeiras dentro de um círculo, utilizado por indivíduos e grupos antifascistas até hoje.
Nos anos 70 e 80, a movimentação antifascista ressurgiu em países europeus como Reino Unido e Alemanha como reação a grupos de extrema direita que voltavam a ganhar relativa força, se juntando aos movimentos punk e pós-punk.
Mais recentemente, os ativistas da Antifa estão ligados a movimentos como o Occupy e o Black Lives Matter, e atuaram contra a marcha Unite the Right, que reuniu grupos de extrema direita de todo o país em Charlottesville, Virgínia, em 2017, e terminou com a morte de uma manifestante antifascista. Uma marcha semelhante foi reproduzida pela bolsonarista Sara Winter em frente ao Supremo Tribunal Federal (STF) no dia 31 de maio.
Podemos observar que o movimento antifascista tende a ressurgir sempre que posicionamentos extremistas como Donald Trump, nos EUA, e Jair Bolsonaro, no Brasil, ganham força. Isso porque consiste em militantes que partilham da mesma causa: o fim de governos autoritários.