
O Brasil registrou a maior queda no fluxo de investimentos diretos no nos primeiros seis meses de 2020 que a média observada entre os demais países emergentes. Os dados serão publicados nesta quarta-feira (28) pela Conferência da ONU para Desenvolvimento e Comércio e foram divulgados antecipadamente pela coluna de Jamil Chade, no UOL.
No total, o primeiro semestre registrou uma queda de 48% nos investimentos no país em comparação ao mesmo período de 2019, atraindo US$ 18 bilhões entre janeiro e junho. Com isso, o Brasil foi sexto destino de investimentos no mundo, igualando-se ao México e superado por Cingapura, Irlanda, Alemanha, EUA e China. Em 2019, o Brasil aparecia na quarta posição entre os maiores destinos de investimentos.
EUA e Itália em queda
Em 2020, outras economias sofreram mais que o Brasil. Entre os países ricos, a Itália teve uma queda de 74% nos investimentos. Nos EUA, a contração de 61%, para um total de US$ 51 bilhões.
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No mundo, os investimentos tiveram uma queda de 49%, diante do impacto do confinamento nas decisões de multinacionais de adiar qualquer tipo de projeto. Para o ano, a previsão é de uma queda no fluxo mundial de investimentos que poderia variar entre 30% e 40%.
Brasil entre as economias emergentes
O resultado brasileiro também é pior que a média das economias emergentes e mais negativo que a média da América Latina. Entre os Brics, a Rússia ainda supera o Brasil na dimensão do tombo. No total, a região latino-americana recebeu US$ 62 bilhões no primeiro semestre do ano.
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“Na América do Sul, os fluxos para o Brasil caíram quase pela metade, para 18 bilhões de dólares, com a paralisação do programa de privatização lançado no ano passado”, indicou a agência da ONU.
Para a agência, dois fatores pesaram no caso do Brasil: a interrupção do programa de privatizações e a escala que a pandemia atingiu no país.
James Zhan, diretor do Departamento de Investimentos da entidade, explicou que outro fator que pesou foi a dimensão que a pandemia ganhou no Brasil, dificultando a atração de investimentos. O Brasil é um dos líderes em mortes pela covid-19, de acordo com os dados da OMS. Ainda assim, ele considera que atrair US$ 18 bilhões é um resultado positivo, diante do cenário internacional.
China resiste
Pela primeira vez, as economias emergentes da Ásia foram responsáveis por receber mais da metade dos investimentos no mundo. Nas economias ricas, o tombo foi bem maior: 75% de contração nos investimentos em média. Mas o bom resultado dos emergentes se deu em grande parte por conta do fluxo de US$ 217 bilhões para a Ásia.
Os investimentos no Leste Asiático permaneceram estáveis em US$ 125 bilhões. Hong Kong, de fato, viu um aumento no fluxo de 22%. Os fluxos para a China também se mostraram relativamente resistentes. No primeiro semestre de 2020, os investimentos para a China chegaram a 76 bilhões de dólares, um declínio de apenas 4%.
“O declínio – inferior ao esperado – foi amortecido por um aumento de 84% no valor das transações de fusões e aquisições, principalmente nas indústrias de serviços de informação e comércio eletrônico”, indicou. Já na Coréia, a queda foi de 34%, enquanto Cingapura viu contração de 28%, Indonésia (-24%) e e Vietnã (-16%).
Com informações do UOL