
O silêncio do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP), diante de mais um crime de responsabilidade cometido pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) escancara a inexistência das instituições no Brasil.
Ao convocar embaixadores internacionais para insultar o sistema eleitoral brasileiro, Bolsonaro incorre em um crime de alta traição nacional. E Lira, escolhe não se posicionar sobre o caso e, ao invés disso, fala sobre as articulações políticas do prefeito de Arapiraca, em Alagoas.
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Durante a reunião com embaixadores e representantes diplomáticos, realizada no Palácio da Alvorada com recursos do governo federal, o presidente repetiu ataques sem provas à segurança das urnas eletrônicas e ao sistema de votação brasileiro.
Isso a menos de três meses das eleições, em que ele próprio é pré-candidato à reeleição. Foram 45 minutos de ataques com direito a power point com erros ortográficos e alegações infundadas. Tudo transmitido pela emissora pública TV Brasil.
Para o ex-governador do Maranhão e pré-candidato ao Senado Federal, Flávio Dino (PSB), a atitude do atual líder do Executivo é antipatriótica e vergonhosa.
Bolsonaro disse falsamente que o sistema eleitoral brasileiro é inauditável, acusação que já foi desmentida pelo próprio Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O presidente voltou a atacar os ministros Roberto Barroso, Edson Fachin e Alexandre de Moraes.
E aproveitou para atacar seu principal adversário, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que lidera todas as pesquisas de intenções de voto até aqui.
O advogado criminalista e pré-candidato a deputado federal por São Paulo pelo PSB, Augusto Arruda Botelho, destacou que é inaceitável e revoltante que mais um crime de Bolsonaro siga sem punição.
Em um festival de inverdades, Bolsonaro voltou a dizer que as sugestões enviadas pelas Forças Armadas, da qual ele destacou ser o chefe, não foram aceitas pelo TSE. O que não é verdade, já que a corte chegou a responder pontuando cada uma das sugestões encaminhadas.
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Fachin classifica como inaceitável negacionismo eleitoral de Bolsonaro
Em reunião realizada na seccional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), no Paraná, o presidente do TSE, ministro Edson Fachin, disse que evento de Bolsonaro com embaixadores é inaceitável.
“Também quero dizer, sem meias palavras, que há um inaceitável negacionismo eleitoral por parte de uma personalidade pública importante dentro de um país democrático, e é muito grave a acusação de fraude, a acusação de má fé a uma instituição, mais uma vez, sem apresentar prova alguma”, disse.
O ministro convidou a população e as instituições questionarem conjuntamente os ataques do atual presidente, que agora além das Forças Armadas, envolveu a política internacional.
Em nota o TSE, rebateu todas as alegações feitas por Bolsonaro na ocasião e reiterou a segurança das urnas eletrônicas.
No Twitter Lula comentou o caso. “É uma pena que o Brasil não tenha um presidente que chame 50 embaixadores para falar sobre algo que interesse ao país. Emprego, desenvolvimento ou combate à fome, por exemplo. Ao invés disso, conta mentiras contra nossa democracia”, escreveu o petista.
O jornalista e pré-candidato a deputado federal pelo Rio de Janeiro, Marcos Uchôa (PSB), alertou para o risco do silêncio de Lira a respeito dos crimes de responsabilidade de Bolsonaro.