por: Nathalia Bignon Postado em: 05/06/2020 - 18:41 Atualizado em: 05/06/2020 - 18:41
Nesta sexta-feira (5), o presidente dos EUA, Donald Trump – principal ídolo de Jair Bolsonaro (sem partido) – citou hoje o Brasil como exemplo de país com dificuldades para lidar com a pandemia do novo coronavírus ao defender a estratégia adotada por seu governo contra a doença.
‘Se você olhar para o Brasil, eles estão passando por dificuldades. Eles estão seguindo o exemplo da Suécia, que também está passando por dificuldades terríveis. Se tivéssemos agido assim, teríamos perdido 1 milhão, 1,5 milhão, talvez 2,5 milhões de vidas ou até mais”, disse Trump na Casa Branca, acrescentando que agora é hora de acelerar a reabertura de escolas, restaurantes e empresas.
A reação no Congresso foi imediata. Divulgado novamente com atraso no fim da quinta, o balanço do ministério da Saúde apontou um novo recorde com 1.473 óbitos em um dia no Brasil, totalizando 34.021 mortos e 614.941 casos. Isso equivale a uma morte por minuto no país.
Líder do PSB na Câmara, Alessandro Molon (RJ) alertou para o recado dado pelo presidente norte-americano. “Trump acaba de dar uma forte pancada em Bolsonaro! Disse que, se tivesse agido como o Brasil, os EUA chegariam a 2,5 milhões de mortos. Até o aliado de Bolsonaro reconhece a desgraça que é o governo! Bolsonaro envergonha o Brasil. Precisamos voltar a ser um bom exemplo pro mundo”, pediu.
Para o deputado federal João H. Campos (PSB-PE) o recado ficou claro. “Nem mesmo o presidente americano Donald Trump, aliado de primeira hora, poupa o governo Bolsonaro em relação à pandemia. O presidente brasileiro está na contramão do mundo”, declarou.
Reação no Parlamento
O sentimento de vergonha também foi compartilhado pelo o deputado federal Bira do Pindaré (PSB-MA). “Até o Trump puxando a orelha de Bolsonaro? Talvez agora ele dê ouvidos, já que se trata do seu grande ídolo. O Brasil não merece passar tanta vergonha assim. Como dizem meus irmãos evangélicos: misericórdia!”.
No Psol, a manifestação de Trump também foi comentada. “Trump tripudia do Bolsonaro. Usa o péssimo exemplo que temos aqui para tentar se valorizar, dizendo, olha poderia ser bem pior. Uma vergonha, até um dos piores presidentes do mundo, truculento, protofascista, consegue posar de razoável perto da nossa tragédia”, disse o deputado Ivan Valente (SP).
Líder da Minoria, José Guimarães (PT-CE) lamentou a imagem do país ao redor do mundo. “Será que Trump vai entrar para lista dos comunistas? A fala do Presidente dos EUA mostra Bolsonaro cada vez mais isolado em todo o mundo, eles sabem das consequências trágicas das ações de Bolsonaro, ninguém quer vincular sua imagem com o genocídio que acontece aqui no Brasil!”.
Novo “comunista”
Para o líder do PDT, deputado André Figueiredo (CE) a consequência para Trump está selada. “É o mais novo incluído na lista dos ‘comunistas’”, disse, ironizando o comportamento de apoiadores do presidente.
No Senado, Fabiano Contarato (Rede-ES) ousou prever o futuro com base nas estatísticas. “Até o queridinho de Bolsonaro recrimina sua política de morte: mesmo Trump foi obrigado a reconhecer o fracasso da política de saúde, ou melhor, de genocídio, promovida pelo governo brasileiro. Bolsonaro será o carrasco de milhares de inocentes!”, sentenciou.
