
O PDT apresentou um pedido ao Supremo Tribunal Federal (STF) para que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) explique as acusações contra índios e caboclos durante a fala na 75ª Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU).
No discurso, gravado na semana passada, o presidente brasileiro disse que os incêndios no Pantanal e na Amazônia vêm sendo usados em uma “brutal campanha de desinformação”, com o objetivo de atacar seu governo, e atribuiu a índios e caboclos a disseminação do fogo em áreas de preservação.
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No fim desta quarta-feira (23), o PDT anunciou, por meio das redes sociais, que entrou com ação no Supremo para que Bolsonaro “dê explicações em juízo sobre as declarações dadas”. “Entre os esclarecimentos requeridos, o partido solicita que Bolsonaro informe a fonte que subsidiou tais afirmações e as comprove, incluindo os estudos que respaldem seus argumentos quanto às causas naturais das queimadas no Pantanal”.
“O PDT também questiona se o presidente, estando ele convencido da culpa dos povos indígenas pelas queimadas, tomou alguma medida investigativa ‘para deslindar os fatos e punir indígenas e caboclos que estejam realizando queimadas’, bem como que apresente as possíveis provas concretas e foram obtidas”, acrescentou.
Uma nota técnica divulgada em agosto pelo Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), órgão que estuda a região há 25 anos, mostra que a concentração de focos de incêndio na Amazônia não acontece em áreas já desmatadas da região.
Segundo o levantamento, que foi realizado a partir de dados oficiais do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), 30% do fogo registrado na Amazônia em 2019 foi incêndio florestal, ou seja, em área protegida. Outros 34% estão relacionados a desmatamentos recentes.
Além da Amazônia, o Pantanal também sofre com incêndios: a região ultrapassou a marca de 16 mil focos de incêndio somente em 2020, o maior número de queimadas desde 1998, quando o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) começou a registrar os dados.
Comparado com os 12 meses de 2005 (12.536), o pior ano da série histórica até então, o número de focos acumulados em 2020 já é 28,6% maior. Em relação ao ano passado inteiro (10.025), a situação é ainda mais grave: houve aumento de 60,8% — tudo isso em menos de nove meses.
Com informações do UOL