
Personalidades da cena do samba carioca veem prudência na decisão de adiar os desfiles das escolas do Rio de 2021. A decisão oficial foi tomada de forma unânime e anunciada pela Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro (Liesa) na noite de quinta-feira (24).
Noca da Portela, integrante da Velha Guarda da escola, concorda com o adiamento. “Eu acho que foi uma medida maravilhosa. Usaram o bom senso, foram prudentes. O coronavírus não é brincadeira, tem muita gente morrendo nesse país, parece até que estamos em guerra. Não é só o Brasil, é no mundo inteiro. Outros carnavais virão. Acho que devemos esperar com paciência e os dirigentes agiram da forma mais sensata porque a vida é uma só e tanta gente se arriscar por uma festa acho que não vale a pena”, afirmou.
De acordo com o G1, ainda não há nova data para a festa popular e, segundo o presidente da Liesa, Jorge Castanheira, qualquer avaliação de nova data depende da marcação de uma campanha de vacinação.
“Em função de toda essa insegurança, essa instabilidade em relação a área da ciência, de não saber se lá em fevereiro vamos ter ou não a vacina, chegamos à conclusão que esse processo tem que ser adiado. Não temos como fazer em fevereiro – as escolas já não vão ter tempo nem condições financeiras e de organização de viabilizar até fevereiro”, disse Castanheira ao ser questionado se o desfile poderia ser em junho.
O carnavalesco da Mangueira e do Império Serrano, Leandro Vieira, falou sobre a responsabilidade das instituições no momento de crise na saúde pública.
“Eu festejo que a Liga tenha tido esse posicionamento, indo, inclusive, na contramão de outras condutas, porque temos o futebol querendo bancar um retorno forçado e hoje estamos vendo os próprios times querendo voltar atrás porque seus jogadores estão contaminados de Covid. Hoje vivemos um momento em que as instituições precisam mostrar prudência para que as pessoas não acreditem e não banalizem a ideia de que a pandemia acabou. O vírus está aí contaminando, caminhando para matar 150 mil brasileiros”, destacou.
Além disso, todos os presidentes concordam que a realização do carnaval na data normal, em fevereiro, seria um grande desafio de tempo e logística. Com as restrições de circulação e regras de distanciamento social pela pandemia, os trabalhos nos barracões das escolas na Cidade do Samba sequer tiveram início.
A rainha de bateria da Portela, Bianca Monteiro, engrossou o coro favorável à suspensão da festa, mas chamou a atenção para a situação daqueles que têm na indústria do carnaval sua única renda.
“A gente não pode colocar a nossa vida e a vida das pessoas em risco, enquanto não tiver uma vacina. Enquanto não tiver uma certeza do que a gente está enfrentando, acho que não tem condição de ter carnaval. Mas eu acho que o governo tinha que ver um jeito legal de ajudar mais o samba, inclusive as pessoas que trabalham no barracão, que têm família e que precisam trabalhar, porque muita gente que vive do carnaval, vive da arte e desse grande espetáculo, está passando necessidade”, disse.
Se não fosse a pandemia da Covid-19, neste mês de setembro os barracões estariam trabalhando a pleno vapor para os desfiles, mas com crise sanitária estão parados.
Blocos de carnaval
Na manhã desta sexta-feita (25), foi vez da Associação Independente dos Blocos de Carnaval de Rua da Zona Sul, Santa Teresa e Centro do Rio (Sebastiana), reiterar que também vai adiar o Carnaval de rua de 2021 da capital fluminense.
“Não há como ter Carnaval sem vacina e não basta só a vacina estar disponível, a população tem que estar vacinada e a gente acha pouco provável que isso aconteça até fevereiro. É uma questão de segurança, a gente ter que ser responsável com a cidade”, disse a presidente da associação, Rita Fernandes.
Ela afirmou que vai aguardar a evolução da doença para decidir se os cortejos serão adiados ou cancelados.
A Sebastiana é uma associação que reúne 11 dos mais tradicionais blocos do Rio de Janeiro como: Carmelitas, Simpatia é Quase Amor, Suvaco de Cristo, Escravos da Mauá, Gigantes da Lira, Imprensa que eu Gamo, entre outros. A presidente da associação, Rita Fernandes, disse que a festa só acontecerá com a população vacinada. Ela também considerou acertada a decisão da Liesa (Liga Independente das Escolas de Samba) sobre adiar os desfiles no Sambódromo.