
A direção da Petrobras apresentou um novo balanço sobre o número de trabalhadores contaminados com covid-19 nas plataformas da estatal. Segundo a empresa, já são mais de mil petroleiros infectados. A Federação Única dos Petroleiros (FUP) aponta que a direção da petrolífera manteve a bordo os trabalhadores infectados, sem o devido distanciamento.
O gerente-executivo de Segurança, Meio Ambiente e Saúde (SMS) da Petrobrás, Joelson Falcão, apresentou o balanço em reunião nesta sexta-feira (21) com representantes da FUP e sindicatos filiados. São mais de 1 mil trabalhadores contaminados confirmados na empresa. No dia 13 de janeiro eram 725 casos confirmados.
“A FUP e os seus sindicatos filiados estão preocupados com os aumentos de casos de covid-19 nas embarcações da Petrobras e por isso vem agendando reuniões com a Gerência Executiva de SMS da companhia para acompanhar a real situação dos trabalhadores e buscar informações sobre a situação. De acordo com as denúncias que já recebemos estimamos que já sejam mais de mil casos em todo o Brasil”, disse Antonio Raimundo Teles, diretor de Segurança, Meio Ambiente e Saúde (SMS) da FUP.
A FUP e o Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense (Sindipetro-NF) seguem recebendo denúncias de surtos de covid-19 nas plataformas da Petrobrás. Em apenas uma semana foram contabilizadas denúncias de 236 contaminados em 18 embarcações operadas pela Petrobrás nas bacias de Campos (RJ) e Santos (SP).
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Grande parte dos já infectados se encontra nas unidades P-51 (Campos), P-74 (Santos) e P-35 (Campos), que somam, respectivamente, 60, 40 e 35 casos positivos. Há ainda registros de 76 trabalhadores sob suspeita porque tiveram contato com os contaminados.
Na quinta-feira (20), o Sindipetro-NF recebeu imagens de trabalhadores dormindo no chão de uma área externa da P-52, também em Campos. Há ainda informações de resultado positivo para covid em 29 pilotos dos helicópteros que fazem o transporte dos trabalhadores das embarcações para o continente.
Na próxima semana a FUP se reunirá com o grupo de Estrutura Organizacional de Resposta (EOR) da Petrobrás.
Surto de covid já tinha acontecido em 2021
Em maio de 2021, a categoria petroleira do Norte Fluminense iniciou um movimento de greve porque várias plataformas de petróleo estavam sofrendo com o surto da doença. De acordo com a Sindpetro-NF, só em abril do mesmo ano, mais de 500 petroleiros foram contaminados nas plataformas, conforme dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).
Na época, a Petrobras negou o surto e disse que recebeu com “estranheza” a convocação da greve dos trabalhadores nas plataformas da Bacia de Campos, na região Norte Fluminense.
As entidades desmentiram a estatal e o sindicato acusou a Petrobras de negligência, porque a empresa se negava a cumprir as leis e orientações sanitárias para impedir a contaminação nos seus locais de trabalho.
A instituição também denunciou a ilegalidade na escala implementada pela Petrobras, sem aprovação da categoria e indo contra o Acordo Coletivo de Trabalho. Além da ação ilegal da escala maior do que 14 dias embarcado, a Petrobras não emitia a Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT), mesmo quando é evidente que os empregados foram contaminados dentro do seu ambiente de trabalho.
O sindicato orientou a categoria petroleira a continuar atenta aos informes do site e das redes sociais da entidade, onde foram postadas indicações sobre os procedimentos da greve, pois era importante que os trabalhadores e trabalhadoras atuassem em extrema sintonia com a direção sindical — não dando margem a boatos e assédios das gerências, práticas comuns nas vésperas das mobilizações.