
A melancolia do fim do mandato de Jair Bolsonaro (PL) não está só no semblante abatido e cenas de choro do futuro ex-presidente, mas também é expressa na avaliação da população sobre o seu governo, que se encerra em pouco menos de um mês.
Pesquisa Ipec divulgada nesta quinta-feira (8) mostra que a maior parte dos brasileiros consideram o atual governo “péssimo”. O índice daqueles que avaliam a gestão como “ótima” é de 15%, enquanto 24% acham a administração “boa”.
Confira os números
- Ótimo: 15%
- Bom: 24%
- Regular: 23%
- Ruim: 10%
- Péssimo: 26%
- Não sabe/ não respondeu: 2%
O Ipec ouviu 2 mil pessoas em todo o país entre os dias 1 e 5 de dezembro.
Expectativas para o governo Lula
O Ipec também consultou a população sobre o que esperar do futuro governo Lula (PT) e os índices são opostos aos registrados na avaliação do governo Bolsonaro.
Segundo a pesquisa, 18% dos brasileiros acreditam que o governo do petista será “ótimo”, enquanto 24% consideram que será “bom”.
Confira os números
- Ótimo: 18%
- Bom: 32%
- Regular: 20%
- Ruim: 7%
- Péssimo: 18%
- Não sabe/ não respondeu: 5%
O instituto perguntou ainda se a equipe de Lula, com base nos anúncios feitos até o momento, está no caminho certo ou não. A maioria (58%) respondeu que sim.
Veja
- Está no caminho certo: 58%
- Está no caminho errado: 33%
- Não sabe/ não respondeu: 9%
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Jair Bolsonaro (PL) vem se esforçando para dar um tom melancólico ao seu fim de mandato. Calado há mais de um mês e sinalizando que ainda não aceitou sua derrota para o presidente eleito Lula (PT) no pleito de outubro, o futuro ex-presidente vem causando preocupação em aliados devido ao seu evidente abatimento emocional e, inclusive, cenas de choro.
O ainda mandatário já havia ido às lágrimas durante uma cerimônia militar em Brasília na última segunda-feira (5), na qual não discursou. Já nesta quinta-feira (8), Bolsonaro chorou novamente, desta vez em outro evento das Forças Armadas – o terceiro que participa desde que perdeu as eleições – em Pirassununga (SP).
O novo pranto do ocupante do Palácio do Planalto se deu enquanto estava ao lado de militares e logo que uma criança o abordou para tirar uma foto. Como nas outras ocasiões, Bolsonaro se manteve em silêncio absoluto.
A turnê Bolsonaro Chorando segue seu caminho pelo Brasil. A parada desta vez foi em Pirassununga, interior de São Paulo, na terceira cerimônia militar que o perna necrosada foi desde que perdeu as eleições. pic.twitter.com/W1s0dzglyA
— William De Lucca (@delucca) December 8, 2022
Tristeza profunda
Segundo militares, que falaram em anonimato à jornalista Andréia Sadi, da GloboNews, Bolsonaro chorou na última segunda-feira (5) por não ter identificado, no evento das Forças Armadas, nenhuma sinalização de apoio para uma aventura golpista. O mandatário ainda tinha esperanças de que encontraria, entre os militares, algum tipo de endosso para tentar questionar o resultado das urnas ou tumultuar a posse do presidente eleito Lula (PT), marcada para 1º de janeiro.
“A ficha caiu”, disse um interlocutor que estava presente no evento. “Bolsonaro está diferente dele mesmo. Não interagiu, não brincou. Não me lembro nos últimos quatro anos de vê-lo introspectivo assim”, afirmou outro.
“Caso médico”
O abatimento emocional de Bolsonaro ficou evidente, por exemplo, em outro evento militar em que esteve presente. Na última quinta-feira (1) ele participou de uma cerimônia de promoção de oficiais do Exército em Brasília e, o que se viu, foi um presidente em fim de mandato com expressão fechada, claramente incomodado.
Apesar de ter sido fechada à imprensa, a cerimônia foi transmitida pela TV Brasil e, durante cerca de 1 hora de evento, Bolsonaro permaneceu em silêncio e, muitas vezes, foi flagrado olhando “para o nada”. O evento, nas redes sociais, foi comparado a um velório.
Ao jornalista Chico Alves, do portal UOL, aliados e pessoas próximas confirmaram que a situação do futuro ex-presidente não é nada boa. “Ele acreditava que haveria alguma mudança no quadro político, por conta das manifestações à porta dos quartéis e nas rodovias, mas acho que percebeu que não tem jeito”, disse um amigo de Bolsonaro que esteve com ele em outra cerimônia militar recente, na Academia Militar das Agulhas Negras (Aman), em Resende (RJ), ocasião em que o mandatário também ficou em silêncio.
Segundo um outro aliado, Bolsonaro, que já estava emocionalmente desestabilizado, teria ficado ainda mais apático após a notícia de que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) antecipou a diplomação de Lula – o que deixa o petista apto para iniciar o mandato – para 12 de dezembro.
“À medida que a mudança de governo se aproxima, ele nota que a situação é irreversível. A tristeza dele é preocupante, talvez seja caso médico”, revelou o interlocutor.