
Presidenta da União Nacional dos Estudantes (UNE), Bruna Brelaz foi vítima de ataques racistas e misóginos após conceder uma entrevista para o jornal Folha de S. Paulo. Ao criticar as falas da estudante, um internauta escreveu: “Mais uma negra a serviço da casa-grande”.
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Durante o período da escravidão no Brasil, a casa-grande era a residência dos senhorios nas propriedades rurais.
Outros ataques recebidos pela presidenta da UNE incluíram ser chamada de “traidora safada”, “cadela” e “fascista”. “Espero que você apanhe do MBL”, disse um perfil no Twitter.
Primeira mulher negra e da região Norte a presidir a UNE, Bruna é filiada ao PCdoB e uma defensora de ampla aliança, inclusive com a direita e antigos inimigos, pelo “Fora, Bolsonaro”. Na entrevista, publicada neste domingo (17) pelo jornal, ela cobrou mais gestos do PT e de Lula pelo impeachment e afirmou que a esquerda precisa falar sobre “sua rede de ódio”.
Ao responder ao ataque sofrido, a presidenta da UNE disse que “não foge do debate político e das críticas”, mas ressaltou que “não aceitará comentários racistas”.
“Racismo é crime! Não fujo do debate político, do diálogo e até mesmo das críticas, não aceitarei comentários racistas. Para vencer o bolsonarismo precisamos ter posturas diferentes. Em uma democracia o debate político não pode ser substituído pelo ódio e por racismo e misoginia”, escreveu.
Bruna recebeu solidariedade de parlamentares do PCdoB, como da deputada federal Jandira Feghali. “Alguns radicais bolsonaristas e outros de esquerda reagiram com racismo e misoginia. Como atacar uma jovem liderança irá ajudar a derrotar Bolsonaro? A quem isso serve? @brunabrelaz estamos juntas!”, disse.
Manuela D’Avila também se manifestou: “Estamos juntas enfrentando o ódio, a misoginia e o racismo com o qual lhe atacam”, escreveu. “Bruna é guerreira, primeira mulher negra e da região Norte a presidir a UNE. Não se deixe intimidar, Bruna! Estamos com você”, afirmou a deputada federal Alice Portugal (PCdoB).
Já o deputado federal Orlando Silva (PCdoB) escreveu que Bruna cometeu “o crime de ter opinião não autorizada”. “Quem silencia é cúmplice da mosoginia! Saúdo as vozes em defesa do pluralismo e da democracia, e em solidariedade a @brunabrelaz, presidenta da UNE, que cometeu o crime de ter ‘opinião não autorizada’.”