
A greve dos servidores do Banco Central, que começou nesta sexta-feira (1º), e é importante dar atenção a esse movimento, pois muitos funcionários da instituição estão ligados às operações de pagamento via Pix – modalidade de pagamento que é um grande exemplo de economia criativa, em que não taxas para transferências para pessoa física e baixo custo para microempresários e empreendedores.
O Banco Central anunciou um plano de contingência para tentar evitar que esse e outros serviços sejam interrompidos. Porém, o Sindicato Nacional dos Servidores do Banco Central (Sinal), alerta para os riscos.
“Mesmo tendo esquema de contingência, não dá para dizer que o Pix vai ter funcionamento pleno durante uma greve. O monitoramento do sistema vai ser precário, o atendimento aos usuários que usam Pix ficará prejudicado, entre outras coisas”, disse Fábio Faiad, presidente do Sinal.
Por conta da greve, foi adiado o início do pagamento de instituições financeiras, com base na taxa Selic, por recursos parados nas contas de pagamento instantâneo relativos ao Pix. A mudança passaria a valer a partir desta sexta-feira (1º).
Os servidores fazem pressão por reajustes e reestruturação de carreiras. Paralisações diárias, com adoção de operação padrão, têm sido recorrentes.
As paralisações pontuais já provocaram interrupções no monitoramento do Pix e do Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB).
Também adiaram a divulgação de indicadores econômicos relativos a fevereiro, houve atraso na pesquisa Focus, no fluxo cambial e da taxa de câmbio, entre outros.
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Alcance do Pix
Para se ter uma ideia de como o Pix ganhou destaque no cotidiano da população e dos empreendedores do país, no último dia 4 de março foi registrado recorde de 58.531.277 operações realizadas apenas naquele dia.
Em fevereiro, foram 1,1 bilhão de transações, mês em que o país contabilizava 408,6 milhões de chaves ativas.
Número que ficou abaixo apenas de dezembro de 2021, com 1,4 bilhão de transações e janeiro deste ano, com 1,3 bilhão de transferências em tempo real.
Para o professor da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto (FEA-RP) da USP, Fernando Antônio de Barros Júnior, os números se justificam por três características.
“Uma é a facilidade, outra é a agilidade pela qual essas transferências podem ser concretizadas e por último o custo da transação, que para o usuário é zero”, afirmou ao Jornal da USP.
E o que é economia criativa?
Nos dias de hoje, ao se pensar em novas maneiras de ultrapassar a visão exclusiva de crescimento econômico, surge a Economia Criativa, um conceito que busca estabelecer a relação entre tecnologia, inovação, cultura, criatividade e sustentabilidade. Podemos compreender a Economia Criativa como um conjunto de ações, relacionadas às atividades já citadas, que geram receita e impacto na economia.
Dentro do setor econômico, podemos dizer que está relacionada à produção, distribuição e criação de bens e serviços criativos. Com isso, a economia criativa pode ser desde a composição de uma música, a criação de um aplicativo de celular que resolva problemas do cotidiano, passando pela produção da sua série favorita. Uma forma simples de entender é, por exemplo, pedir por meio de um aplicativo ou transferir dinheiro através do PIX. Isso tudo é fruto da economia criativa.
Pegando esses dois últimos exemplos, que já estão consolidados por todo o Brasil, é fácil entender como a greve convocada para o dia 1º de abril no Banco Central pode afetar a população. Essa pode ser a primeira greve no Brasil com potencial para paralisar temporariamente parte da Economia Criativa no país, juntamente com a paralisação dos motoboys que fazem entregas de aplicativos.
Inovação é inerente à economia criativa
Como valor inerente à economia criativa, a inovação aproveita conhecimentos e experiências existentes como forma de induzir mudanças para melhor no cotidiano da população.
Por isso, os socialistas defendem cesso de Autorreforma em seu proa necessidade de que a economia criativa seja um dos eixos de um plano nacional de desenvolvimento do país.
Exemplos práticos desse eixo podem ser encontrados do setor de turismo às pesquisas científicas que podem ajudar a explorar de forma sustentável produtos da floresta Amazônica, que traz benefícios tanto para populações locais como para o desenvolvimento de todo o país.
“A economia criativa não é apenas mais um ramo da economia, que reúne uma série de atividades altamente produtivas, mas, sim, uma estratégia de desenvolvimento, que pode possibilitar ao Brasil uma inserção soberana na economia globalizada e nas novas cadeias de valor do mundo moderno”, ressalta o PSB na Autorreforma.
O que ficou ainda mais evidente com as soluções encontradas durante o isolamento social nos períodos mais duros da pandemia da covid-19.
“As tecnologias relacionadas à saúde, às pesquisas em ciência, aos big datas, aos sistemas de pagamento e transferências financeiras e as alternativas sociais e econômicas, desde as pequenas indústrias de alimentos e serviços pessoais, até o artesanato, todas ligadas à Economia Criativa, também foram reconhecidas como essenciais”, afirma o documento.
Com informações da Folha, Uol e Olhar Digital