
O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, que é cardiologista, está na mira de colegas de profissão. Um grupo de médicos ex-presidentes do Conselho de Secretários Municipais de Saúde do Estado de São Paulo (Consems/SP) solicitou que o Conselho Federal de Medicina (CFM) abra um processo ético-profissional contra Queiroga. Para eles, foram cometidas infrações éticas graves no exercício da medicina.
Na sequência, um grupo de 13 senadores liderado por Randolfe Rodrigues (Rede-AP) pediu a convocação de Queiroga para dar explicações no Congresso Nacional.
Nas duas incursões contra o ministro da Saúde de Jair Bolsonaro (PL) o mesmo motivo: a resistência de Queiroga em vacinar as crianças de 5 a 11 anos contra a covid-19, mesmo após aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Os médicos afirmam que o ministro cometeu “infrações graves no exercício da medicina, em razão de suas atribuições e responsabilidades frente ao Ministério da Saúde do governo brasileiro”.
E afirma que as razões apresentadas por Queiroga para atrasar a liberação da vacinação para o público infantil são “inconsistentes”.
A autorização foi dada pela Anvisa no dia 16 de dezembro. Desde então, Queiroga e Bolsonaro vêm criando obstáculos injustificáveis para não imunizar as crianças. Por fim, após causarem dúvidas e dividirem ainda mais a população sobre a necessidade de combater a combater a doença, o Ministério da Saúde anunciou, finalmente, a inclusão das crianças de 5 a 11 anos no plano de vacinação da covid.
“Em gesto claramente dificultador ao processo de vacinação, jamais utilizado para nenhuma outra vacina, o médico objeto desta denúncia, informou que a vacina exigiria prescrição médica para sua aplicação, uma clara demonstração de limitação ao exercício do direito das crianças quanto à vacinação, conforme prevê o Estatuto da Criança e do Adolescente”, ressaltaram os médicos no documento enviado ao CFM.
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Os membros do Conselho Honorário do Consems entendem que Queiroga atua para cumprir as determinações políticas de Bolsonaro.
“Visto o encadeamento das posições do médico Ministro da Saúde, não resta outra alternativa senão a constatação de que ele atende, acima de tudo, aos interesses políticos e ideológicos do governo, e mais especialmente, do Presidente da República, que deixou absolutamente clara sua posição contrária à vacina em várias manifestações públicas”, escreveram.
Senadores querem esclarecimentos de Queiroga
Além dos próprios pares, Queiroga também está na mira de senadores. Um grupo de 14 parlamentares quer a convocação do ministro. Esperam ouvir dele o detalhamento de como será a vacinação das crianças.
A ideia é levar Queiroga à Comissão Representativa do Congresso Nacional. O pedido, porém, só deve ser analisado após o fim do recesso parlamentar.
Os senadores afirmam existir “dúvidas sobre as estratégias e as políticas traçadas pelo governo federal sobre a suficiência do quantitativo de vacinas adquiridas pelo Brasil para aplicação em 2022, assim como o respectivo cronograma de distribuição e aplicação de doses nas crianças, na população adulta não vacinada e naquela em que será necessária a aplicação de doses de reforço. ”
O documento é assinado é assinado pelo líder da oposição no Senado, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), e mais 13 senadores: Zenaide Maia (PROS-RN), Paulo Rocha (PT-PA), Omar Aziz (PSD-AM), Renan Calheiros (MDB-AL), Fabiano Contarato (PT-ES), Simone Tebet (MDB-MS), Eliziane Gama (Cidadania-MA), Rogério Carvalho (PT-SE), Jorge Kajuru (Podemos-GO), Humberto Costa (PT-PE), Alessandro Vieira (Cidadania-SE), Eduardo Braga (MDB-AM) e Otto Alencar (PSD-BA).
Com informações do Correio Braziliense e Uol