
Agressivo sempre que se sente ameaçado, Jair Bolsonaro (sem partido) voltou a atacar a imprensa nesta quinta-feira (28) ao ser questionado sobre os gastos de R$ 15 milhões apenas em leite condensado feitos por seu governo apenas em 2020: “para enfiar no rabo de jornalista”, disse o chefe de Estado, sem maiores explicações sobre os valores gastos.
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A polêmica dos gastos envolvendo a gestão Bolsonaro se transformou em um dos assuntos mais comentados da redes sociais após o site Metrópoles divulgar, no último domingo (24), o extrato de compras do governo obtido a partir do Portal da Transparência. Pagas com dinheiro de contribuintes, em meio ao ano marcado pela pandemia da Covid-19, as despesas chegaram a R$ 1,8 bilhão e serviram para comprar alimentos e bebidas, sendo R$ 15 milhões destinados apenas à aquisição de leite condensado.
“É para enfiar no rabo de jornalista”, disse Bolsonaro em novo vídeo compartilhado pelo senador Rogério Carvalho (PT) nesta quinta (29), dia em que o presidente visitava Sergipe.
Na quarta (27), o chefe do Executivo federal já havia atacado jornalistas ao falar sobre o mesmo tema, durante um evento fechado.
“Vai para puta que o pariu. Imprensa de merda essa daí. É para enfiar no rabo de vocês aí, vocês não, vocês da imprensa essa lata de leite condensado”, disse o presidente. O vídeo foi compartilhado por inúmeros parlamentares.
O leite condensado mais caro do Brasil
O subprocurador-geral do Ministério Público, Lucas Furtado, disse em documento enviado ao Tribunal de Contas da União (TCU) que os gastos do governo federal são uma afronta ao “princípio da moralidade administrativa”. Além do leite condensado, Furtado chama atenção para despesas milionárias com pizza, refrigerante e chiclete.
“Se, em tempos normais, esse banquete já não fosse um absurdo, em tempos de crise e de pandemia, não sei nem como definir tamanho descaso com o povo brasileiro. Além disso, ao se analisar os preços unitários de alguns alimentos, notam-se claros indícios de pagamentos em valores acima do mercado a configurar superfaturamento nos gastos do Governo”, afirma.
No documento, o MP pede ainda que, confirmadas as irregularidades, o TCU apure a responsabilidade dos envolvidos e aplique as sanções cabíveis.
Com informações da Folha de S. Paulo e do jornal O Globo