
Sem base de apoio, o ministro da Educação Milton Ribeiro tenta recompor a ala militar na pasta para obter sustentação no governo. São ao menos quatro militares em cargos relevantes no ministério. Um deles, Ricardo Augusto Ribeiro de Souza, pertenceu à gestão do ex-ministro Ricardo Vélez Rodríguez, saiu e agora voltou com a nova administração.
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O movimento é visto internamente como uma aposta do titular para se fortalecer no comando do órgão, uma vez que tem sido visto como um “ministro fraco” na Esplanada, sem traquejo político nem conhecimento da pasta.
Previsões negativas
Aliados já preveem que Ribeiro não sobreviverá a uma possível reforma ministerial no próximo ano. A visão é a de que ele “não aguenta o tranco”, sobretudo quando a pandemia arrefecer e começarem pressões como, por exemplo, de contingenciamentos de recursos. Alguns apostam que ele fica no cargo só até março.
As eleições municipais são vistas como um divisor de águas para a permanência ou não do ministro. A avaliação é que, com a vitória de candidatos do Centrão em boa parte dos municípios do país, haverá uma pressão para ceder a pasta a indicados desse núcleo em troca de apoio para a eleição presidencial de 2022.
Cargos a militares no MEC
Além de Ricardo Augusto Ribeiro de Souza, que assumiu a Subsecretaria de Assuntos Administrativos do MEC, outros militares no ministério são: Paulo Maurício Jaborandy de Mattos Dourado, coordenador-geral de Recursos Logísticos; Carlos Minelli de Sá, assessor especial do ministro; e Marcelo Mendonça, chefe da assessoria de assuntos parlamentares. Apenas Marcelo Mendonça já estava na pasta antes da chegada do ministro. Um quinto auxiliar, José de Castro Barreto Júnior, secretário-executivo adjunto na pasta, já foi do Exército.
Ao Globo, o MEC alegou que nem todos os militares listados foram nomeados por Ribeiro, citando os decretos que regem nomeações na administração pública – esses próprios decretos estabelecem, no entanto, que é prerrogativa formal e praxe a Casa Civil assinar as nomeações de cargos mais elevados do funcionalismo federal.
E disse que, para as nomeações, são levados em conta critérios como formação acadêmica e familiaridade com a atividade.
Evangélico, mas sem apoio dos evangélicos
Apesar de ser pastor da Igreja Presbiteriana, o ministro não tem o suporte dos evangélicos, que nunca capitanearam seu nome ao cargo. No primeiro escalão do governo, tenta se aproximar de Bolsonaro com apoio da ministra Damares Alves, da Mulher, Família e Direitos Humanos; do ministro André Mendonça, da Justiça e Segurança Pública; e da primeira-dama, Michelle Bolsonaro, com quem compartilha pautas voltadas para pessoas com deficiência.
Com informações do jornal O Globo