
Em seu pronunciamento na última terça-feira (23), o presidente Jair Bolsonaro questionou medida tomada em alguns estados brasileiros de fechar escolas. Argumentando que o grupo de risco são pessoas acima de 60 anos, e que raro são os casos letais entre pessoas menores de 40 anos de idade, seu discurso foi transmitido em rede nacional.
Contrariando as afirmações de Bolsonaro, a medida de fechar as escolas como prevenção contra o covid-19 foi tomada por centenas de governos, demonstrando prudência e não histeria.
Ao desdenhar de medidas para proteger a população, o presidente mostra ignorar evidências que têm sido repetidas por especialistas em contenção de doenças transmissíveis em todo o mundo.
Na Coreia do Sul, por exemplo, devido aos testes massivos, ficou claro que jovens são tão suscetíveis a contrair o vírus quanto os mais velhos. No país, 30% dos casos de coronavírus são de pessoas entre 20 e 29 anos.
A evolução da doença nos mais jovens é mais branda que entre os mais velhos, mas o coronavírus pode matar até mesmo crianças, com uma probabilidade maior que a da gripe comum.
Com base na experiência chinesa e italiana, a mortalidade entre crianças de 10 a 19 anos é de 0,2%, mas isso não se torna irrelevante só porque ela é 20 vezes maior no grupo de 60 a 69. De cada 1.000 crianças que pegam o vírus, duas morrem. Quanto menos protegidas de contágio estiverem as crianças de um país, maior será o número de mortes infantis.
O mundo está mostrando que, sem ações cientificamente embasadas e corretamente comunicadas, mais empregos serão destruídos, mais famílias perderão seu sustento e mais tempo levaremos para voltar à normalidade.
Com informações da Folha.