Associação Índigena Kuikuro do Alto Xingu contrataram médica e mesmo com dezenas de infectados por Covid-19, entre adultos e idosos, ninguém morreu

Sem a assistência do governo Bolsonaro durante a pandemia de Covid-19, os índios Kuikuro, de Mato Grosso, improvisaram um hospital dentro da associação indígena e contrataram uma médica, um enfermeiro e três assistentes de enfermagem.
A médica Giulia Parise Balbão pediu demissão do Hospital Sírio Libanês, onde trabalhava havia mais de 1 ano, após conhecer o cacique Afukaká Kuikuro, que também pegou a doença, assim como uma anciã de 90 anos.
De acordo com reportagem do G1, foram 57 confirmações da doença, mas a aldeia estima que mais de 200 pessoas pegaram o vírus. Muitos moradores apresentaram os sintomas e não tiveram acesso aos testes. Cerca de 400 indígenas vivem no local.
“Tive momentos em que estive muito cansada porque foi muito desafiador. Afukaká dizia ‘estou muito feliz por você estar aqui, lutei muito por isso’. Isso me motivava”, contou a médica.
Mesmo com dezenas de infectados, entre adultos e idosos, ninguém morreu. O sucesso se deve a organização antecipada da aldeia. O presidente da Associação Indígena Kuikuro do Alto Xingu, Yanama Kuikuro, se informou sobre a pandemia pela TV e iniciou uma campanha para arrecadar dinheiro.
Antes de estourarem os casos, a aldeia já tinha os profissionais de saúde, equipamentos de proteção individual, suporte de oxigênio e um plano de resgate aéreo em caso de complicação de algum caso grave.
“Os Kuikuro estavam muito organizados. Organização é uma marca dessa comunidade. Eles usaram a medicina branca, os remédios que eu recomendei, mas não perderam a tradição e trouxeram as ervas que iriam precisar. Eles se prepararam, isso eu achei brilhante. Eles viram que o coronavírus chegaria e conseguiram se proteger ao máximo”, relata Balbão.
Com informações do G1