
Senadores da base de apoio ao governo reforçaram articulação pela desistência do Palácio do Planalto da indicação de André Mendonça ao Supremo Tribunal Federal (STF) diante da piora na crise institucional, agravada pelas críticas do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) no 7 de setembro.
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Além da suspensão da sabatina na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado Federal, parlamentares da base aliada começaram a buscar o apoio do senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ) pela indicação para o posto do procurador-geral da República, Augusto Aras.
A intenção do grupo é se reunir na próxima semana com o filho do presidente, que, na avaliação de senadores governistas, tem grande ascendência sobre as indicações do pai para tribunais federais e cortes superiores.
Após o discurso feito no 7 de setembro, a avaliação no Senado é de que o presidente inviabilizou de vez uma aprovação ao nome de Mendonça. Por isso, assessores presidenciais já avaliam que a única saída de Bolsonaro seria trocar a indicação.
O presidente, no entanto, sinalizou durante o feriado que não pretende trocar de indicação. Por isso, que senadores governistas consideram o papel de Flávio como crucial para uma mudança.
A indicação de Aras, no entanto, enfrenta um impedimento. O procurador-geral é católico, não evangélico. E o presidente prometeu à bancada evangélica que indicaria um nome que representasse o segmento religioso.
É por isso que Flávio chegou a defender, em conversas reservadas, a indicação do presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Humberto Martins, que é adventista. Bolsonaro, no entanto, tem resistências ao seu nome.
Nos bastidores, Aras ainda nutre esperanças para uma indicação ao STF. A interlocutores, diz acreditar que a escolha de seu nome não deve vir agora, mas que pode acontecer em maio de 2023, com a aposentadoria de Ricardo Lewandowski, caso Bolsonaro seja reeleito no próximo ano.
A aposta do procurador-geral é a de que Martins é o pretendente ao cargo de “terrivelmente evangélico” para substituir Marco Aurélio Mello no STF.
No STJ a avaliação é a de que o presidente do tribunal continua buscando se viabilizar como alternativa ao nome de André Mendonça para a vaga no STF.
O fato mais recente que contribuiria para essa percepção, de acordo com ministros, foi a divulgação, no dia 21 de agosto, de uma nota pública do STJ expressando preocupação com o pedido de impeachment apresentado ao Senado Federal por Bolsonaro contra o ministro Alexandre de Moraes. Na nota, não constava a assinatura de Martins.
A avaliação de integrantes do tribunal era a de que Humberto Martins, ao deixar de assinar, procurou não se indispor com o presidente Bolsonaro, responsável por indicar ministros aos tribunais superiores.
Com informações da CNN Brasil