O socialista pondera que os esforços devem estar voltados para o combate da covid-19

Alinhado aos dirigentes nacionais de outros partidos, o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, rejeita discutir, agora, um possível adiamento do calendário eleitoral e postergação do pleito municipal para depois de outubro.
Consultado pelo Valor Econômico, Siqueira reconheceu que pode haver adiamento do pleito, mas defende que a decisão não seja precipitada, lembrando que as campanhas começam, oficialmente, apenas em agosto.
“Deus permita que daqui a quatro meses a gente possa sair dessa [pandemia], mas a realidade pode nos impor um debate sobre o adiamento”, disse ao Valor.
O líder nacional dos socialistas disse ao jornal que o PSB sempre defendeu a unificação das eleições no Brasil, inclusive com previsão no programa de governo de Eduardo Campos em 2014, quando concorreu à Presidência.
Sensível à situação vivida por milhões de brasileiros, Siqueira defende que seja tomada uma decisão racional, com base na curva de contaminação da covid-19 no país.
Do mesmo modo, os partidos pretendem reavaliar o cenário a partir de junho para, baseados na curva de contaminação da covid-19 no país, tomarem uma decisão mais racional.
Entretanto, as siglas tem como data limite o 20 de julho, quando começam as convenções partidárias.
Os dirigentes partidários só enxergam a possibilidade de construção de um consenso nacional pelo adiamento pleito caso a crise da covid-19 se matenha grave até lá.
“Tem que ser por economicidade. A unificação [dos pleitos] é uma medida racional, mas isso não pode ser definido no meio de uma crise sanitária”, observou Siqueira.
Se os parlamentares julgarem o debate oportuno, declarou o socialista ao jornal, que o façam para a próxima eleição, não alterando a durabilidade de mandatos que inicialmente eram de quarto anos.
Entre as possibilidades mais citadas nos bastidores está a realização do pleito em dezembro.
Em outra linha, a prorrogação dos mandatos dos atuais prefeitos até 2022, para que sejam realizadas eleições unificadas, é uma tese rejeitada pela maioria.
Ainda que o assunto do adiamento seja recorrente nos bastidores e que diversos parlamentares já tenham apresentado propostas para alterar a data, a prioridade total neste mês é votar medidas para coibir o impacto do coronavírus e em maio retomar o tema eleições.
Saiba o disse os outros partidos consultados pelo Valor:
PDT
“O PDT é radicalmente contra a prorrogação de mandatos. É casuísmo, beira a ditadura. Isso ajudaria Bolsonaro a estabelecer estado de sítio”, reage o presidente nacional da legenda, Carlos Lupi.
PT
Para a presidente nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann, a discussão sobre o calendário eleitoral, neste momento de enfrentamento do coronavírus, é totalmente “extemporânea”.
“Agora nosso foco é socorrer o povo brasileiro, focar nossas energias para garantir assistência à saúde e proteção à renda”, justificou ela.
MDB
“Temos que trabalhar agora com calendário do TSE [Tribunal Superior Eleitoral]”, defendeu o presidente nacional do MDB, deputado federal Baleia Rossi (SP).
PSD
“Adiar por que? A não ser que tenhamos uma catástrofe, mas não é essa a expectativa.”, Gilberto Kassab, presidente Nacional da legenda.
Ao Valor, o PSL , partido pelo qual Bolsonaro se elegeu e abandou, disse ainda não ter uma posição unificada sobre o adiamento. Contudo, o deputado federal Júnior Bozzella, vice-presidente nacional da legenda, disse que “As eleições não podem ser pauta agora. O Congresso está todo unido para debater o enfrentamento à pandemia. Agora, não dá para fugir da pauta.