O conceito de Socialismo Criativo decorre da necessidade de incorporar ao socialismo democrático a ideia força da modernidade econômica, cultural e política: a criatividade.

Na América Latina, além de Cuba, os socialistas governaram democraticamente, recentemente, a Bolívia, o Uruguai e o Chile com relativo sucesso. A Venezuela não conta, pois não existe socialismo com 1.000.000% (um milhão por cento) de inflação. E no Brasil as experiências dos governos lulo-petistas, do qual fizemos parte, embora tenham realizado grandes avanços sociais, não foram capazes de efetuar transformações estruturais.

Robôs, inteligência artificial e computadores fazem da 4ª Revolução Industrial. “A revolução tecnológica dos últimos anos está resultando numa nova era, em que as relações de produção estão sofrendo profundas transformações. Os ciclos de inovação aceleram-se de forma mais radical e muito mais rápida que na primeira, na segunda e na terceira Revolução Industrial” destaca trecho do documento da Autorreforma do Partido Socialista Brasileiro.

Se o capitalismo criou uma poderosa economia criativa, intensiva em informação, inteligência, conhecimento, cultura, marketing e design, os chamados elementos intangíveis, o socialismo precisa criar uma sociedade criativa, sustentável e humana.

“Se a criatividade capitalista tem como objetivo principal ampliação do mercado e do lucro, a criatividade socialista deverá ter como objetivo a ampliação dos espaços de liberdade na sociedade e o bem-estar das pessoas”, diz ainda o texto da Autorreforma do PSB.

Prometendo ampliar o que chama de “democracia consultiva socialista”, a China é o país socialista que mais apostou na pesquisa, ciência, tecnologia, marketing, enfim, na economia criativa. O socialismo com características chinesas, também conhecido como “socialismo de mercado”, também jogou pesado na educação como base da formação do seu capital humano.

Ao invés de demolir o sistema capitalista das províncias de Macau e Hong-Kong, estimulou o desenvolvimento de empresas privadas ali existentes. E já é a segunda economia do mundo. Uma economia planejada convivendo com a iniciativa privada.

Aprendendo com todos, mas sem querer imitar nenhuma revolução, nem copiar nenhum modelo, os socialistas brasileiros entendem que a ideia de um socialismo criativo é a resposta mais aproximada para a crise do capitalismo brasileiro tecnologicamente atrasado, socialmente desigual e ambientalmente insustentável. Ainda mais em tempos de coronavírus.

Assim, para ser socialista hoje é preciso tentar imaginar o mundo de amanhã para o Brasil.

A terrível e cruel desigualdade em nosso país tem que encontrar na criatividade – a principal matéria prima da produção econômica mundial – uma saída para superá-la.

Assim é que apostamos na economia criativa como estratégia de desenvolvimento e no socialismo criativo como objetivo de longo prazo.

O socialismo criativo pretende se constituir em visão crítica da economia criativa, no que ela tem de concentradora de capital monopolista e geradora de desigualdade. Ser, enfim, a dimensão humana do desenvolvimento das forças produtivas e da revolução tecnológica.

Propomos medidas como o ensino fundamental moderno e tecnológico gratuito e obrigatório para todos as crianças brasileiras, para garantir uma base de igualdade de oportunidades.

Aspiramos a uma valorização das várias formas de propriedade, desde a estatal em áreas estratégicas, passando pela propriedade privada, até as formas coletivas como cooperativas, coletivos culturais, empresas dirigidas por trabalhadores, empresas associadas a universidades.

Vemos na força da inovação o potencial de desabrochar a criatividade do nosso povo já revelada tanto nas artes, como na música, no futebol, na arquitetura, no artesanato.

Acreditamos no direito à felicidade do nosso povo e numa sociedade criativa e socialista.