
Nesta segunda-feira (18), é celebrado o Dia do Médico. Parlamentares socialistas prestam homenagens e parabenizam a categoria nas redes sociais. O deputado Júlio Delgado (PSB-MG) celebrou homenageou os profissionais no Twitter. Delgado disse que a “se tem uma coisa que a pandemia provou é que, de fato, nem todo herói usa capa”. Delgado parabenizou e agradeceu a dedicação da classe.
A deputada Tabata Amaral (PSB-SP) também homenageou os médicos de todo o Brasil, que segundo ela, foram heróis na luta contra o coronavírus.
Ainda, o perfil PSB na Câmara prestou sua homenagem aos “médicos e médicas que dedicam as suas vidas ao trabalho em prol de toda a sociedade, independentemente da descrença, do negacionismo e da desinformação que alguns insistem em propagar”.
Mais homenagens
O Congresso Nacional promoveu hoje (18), às 9h, uma sessão solene em comemoração ao Dia do Médico. A homenagem foi sugerida pelo senador Marcos Rogério (DEM-RO) e pelos deputados Dr. Zacharias Calil (DEM-GO) e Dr. Luiz Antônio Texeira Jr. (PP-RJ).
O Senado tem sete senadores que são médicos, totalizando quase 10% de toda a Casa: Confúcio Moura (MDB-RO), Humberto Costa (PT-PE), Marcelo Castro (MDB-PI), Nelsinho Trad (PSD-MS), Otto Alencar (PSD-BA), Rogério Carvalho (PT-SE) e Zenaide Maia (Pros-RN).
De acordo com o estudo Demografia Médica no Brasil 2020, o país tem, proporcionalmente, mais do que o dobro de médicos que tinha no início do século. Em 2000, eram 230.110 médicos. Em 2020, eles somaram 502.475 profissionais. Nesse período, a relação de médico por mil habitantes também aumentou significativamente, na média nacional. Passou de 1,41 para 2,4. O estudo foi feito com a colaboração entre o Conselho Federal de Medicina (CFM) e a Universidade de São Paulo (USP). No entanto, mesmo com o aumento no número dos profissionais, há desigualdade na distribuição: em estados das regiões Sudeste e Sul e em cidades mais ricas a proporção é muito maior. Nas capitais brasileiras, essa média fica em 5,65 médicos por grupo de mil habitantes, sendo que as maiores concentrações foram registradas em Vitória (13,71), Florianópolis (10,68) e Porto Alegre (9,94).
Novos desafios da categoria com a pandemia
Passado um pouco mais de um ano desde que a pandemia impôs diversas dificuldades, um dos setores que mais precisou se reinventar na hora do exercício da profissão foi o da saúde, em especial os médicos. O Coordenador dos Cursos de Medicina da Universidade Tiradentes, o médico Richard Halti Cabral, relatou como a categoria precisou enfrentar os desafios da pandemia com a preparação de profissionais mais capacitados que precisaram se desdobrar para atender à demanda de pacientes contaminados, ao mesmo tempo em que se esforçava para manter a assistência aos doentes crônicos e agudos, incluindo aqueles em isolamento social.
“A necessidade de reforçar o conhecimento científico foi um dos pontos mais importantes. No começo da pandemia alguns médicos acreditavam em tratamentos que não funcionavam e nós precisamos entender que o médico é um técnico e precisa se basear nessas informações técnicas”, reiterou. Richard também destacou a importância do acompanhamento dos dados epidemiológicos fornecidos pelo Governo e a participação dos médicos dentro do Sistema Único de Saúde (SUS) a fim de programar ações que orientem as pessoas e a comunidade no geral.
O médico explicou que o coronavírus revelou que o planeta não está preparado para lidar com crises sanitárias de saúde. “Mesmo com questões básicas como lavar as mãos, utilização de máscaras e distanciamento social, algumas pessoas insistem em não cumprir essas recomendações. Também deixou claro a importância da diminuição das agressões ao meio ambiente e o desenvolvimento da Telemedicina”.
As consultas via videoconferência passaram a ser tendência durante a pandemia e Richard destacou que a modalidade deverá perdurar no que diz respeito a consultas de retorno e formação de segundas opiniões. “As videoconferências já existiam mas não conseguíamos sair da zona de conforto e da nossa rotina para utilizá-las. Atualmente, tivemos que nos abrir para essa nova modalidade e isso acendeu uma luz para a necessidade da proteção de dados dos nossos pacientes”, relatou o coordenador.
Para Richard, o maior desafio durante esse período foi cuidar dos pacientes sem saber direito o que estava acontecendo e qual era o melhor cuidado em relação a covid-19, além disso, o medo da contaminação também foi um fator de peso. “A medicina é uma profissão muito bonita, pois, nós conseguimos ajudar as pessoas em momentos muito delicados. Mas a medicina sozinha não é efetiva. Temos diversos outros profissionais junto de nós que fazem também sempre o melhor para o paciente. Contando sempre com as diversas especialidades, nós só vamos entregar o melhor para o paciente, trabalhando de forma coletiva e multiprofissional”.
Dificuldades que médicos ainda enfrentam
No campo da política, tem Projetos de Lei (PL) polêmicos que podem trazer impactos na vida dos médicos. O PL 3.252/2020, que pode comprometer a qualidade assistencial ao permitir a contratação de médicos formados em instituições estrangeiras sem passar pelo Exame Nacional de Revalidação de Diplomas Médicos Expedidos por Instituição de Educação Superior Estrangeira (Revalida). O PL 1.912/2021, por ora retirado do trâmite, criminaliza a prescrição de procedimentos ou tratamentos sem a devida comprovação científica; e poucos sabem que estudos clínicos partem muitas vezes de estudos observacionais com prescrições “off-label”. Já no PL 1.480/2021, as operadoras de planos de saúde serão obrigadas a firmar contratos individuais para a realização de consultas e procedimentos médicos sem intermediação de uma empresa, o que poderia trazer algum benefício fiscal aos médicos.
Se dos governantes os médicos não tiveram muita ajuda, o dia a dia deles também não tem sido fácil. Os médicos tentam conciliar sua vida pessoal com a profissional, que envolve jornadas exaustivas de estudos e de trabalho, entre plantões e consultórios. Tudo isso com um objetivo em mente: sua nobre missão de salvar vidas. Mas um levantamento feito pela Medscape no final de 2020 com médicos brasileiros apontou que um em cada dez médicos pensam abandonar a medicina. Isso porque 78% dos médicos têm pelo menos um sintoma de burnout. E 51% destes colocaram a rotina de trabalho como fator principal.
Dados da literatura científica mostram que médicos gastam até 45% de seu tempo preenchendo dados no prontuário eletrônico, principalmente dados administrativos ou burocráticos que não possuem relação direta com o cuidado ao paciente. No Brasil, o cenário se torna mais desafiador. A última pesquisa da TIC Saúde 2019 mostra que apenas 54% das prescrições médicas são realizadas de forma eletrônica. O preenchimento de formulários manuais aumenta ainda mais o tempo gasto com processos que não agregam valor e aumentam os riscos para erros de prescrição, repetição de exames ou procedimentos desnecessários.
Limitado e pressionado, o médico sente exaustão emocional e baixa realização pessoal. A despersonalização do papel do médico gera erros médicos, diagnósticos menos assertivos, maior absenteísmo e consequentemente aumento da insatisfação de pacientes. Não seria necessário fazer conta para entender que o problema é colossal. Um estudo publicado na Harvard Business School estimou que um médico com burnout gera US$ 7.600 de custos extras por ano para o sistema de saúde como um todo. No Brasil há cerca de 500 mil médicos…
Outro desafio importante para o médico é manter-se atualizado. Um artigo da American Clinical and Climatological Association (Peter Densen) de 2011 já demonstrava a preocupação com o crescimento exponencial do conhecimento médico, chegando a dobrar de tamanho a cada 73 dias até 2020. Nota-se que a aceleração do conhecimento médico aumentou mais ainda durante a pandemia, permitindo, por exemplo, a vacinação em massa em menos de um ano do início da mesma.
A história por trás do Dia do Médico
O Dia do Médico é referenciado por ser uma data consagrada pela tradição litúrgica da Igreja Cristã em homenagem a São Lucas. Embora não existam dados históricos comprobatórios acerca de seu nascimento, vida ou mesmo sua morte, conforme prega a tradição, São Lucas também exercia outras atividades como pintura, música e história. Contudo, acredita-se que o discípulo de Jesus teria estudado Medicina em Antióquia, cidade então considerada um centro de bastante relevância para a civilização helênica na Ásia Menor, hoje território pertencente à Síria. Foi quem escreveu o terceiro Evangelho e o “Ato dos Apóstolos” da Bíblia Sagrada, acreditando-se que, pelo seu estilo literário, provinha de uma família abastada.
Também a sua condição como médico é cercada de incertezas, uma vez que inexistem provas documentadas. Entretanto, dentre as Escrituras que remetem a São Lucas, sendo a principal conhecida como “A Epístola dos Colossenses”, São Paulo, seu grande amigo e de quem era discípulo, refere-se a ele como “Lucas, o amado médico” e “colaborador”. Para reforçar os argumentos, em outras de suas Escrituras, é possível identificar termos e palavras utilizadas por Lucas como sendo de caráter e interesse médico para aquele período histórico. E a Igreja considera isto uma prova relevante e aceitável de que Lucas era realmente um médico.
Juramento de Hipócrates
A Medicina é a ciência que investiga a natureza e a origem das doenças, cabendo ao profissional desta área trabalhar de modo a preveni-las, tratá-las, controlá-las e curá-las, preservando assim a saúde das pessoas. A palavra deriva do verbo latino mederi (curar e tratar).
Sua conduta ética e moral é regida pelo “Juramento de Hipócrates”, um médico da Grécia Antiga, que viveu entre os anos 460 a 377 a.C. e que é reconhecido como o Pai da Medicina Ocidental. Ao se formarem, os médicos declinam solenemente as palavras de um compromisso de fé e honra, prometendo integridade, humildade e profissionalismo ao longo de sua jornada.
Em linhas gerais, o Juramento atesta: “Prometo que, ao exercer a arte de curar, mostrar-me-ei sempre fiel aos preceitos da honestidade, da caridade e da ciência”.
Não importam a data e o cenário. Os passos iniciais da ciência foram experimentais, baseado em técnicas primitivas e desenhos rupestres revelaram que já na pré-história o homem reconhecia algumas doenças e o efeito terapêutico de plantas curativas, além da influência do calor, do frio e da luz solar. A medicina moderna somente teria início e daria um belo passo com o estudo da anatomia humana: em 1543, o médico André Vesálio publicou “A Organização do Corpo Humano”, descrevendo em detalhes o corpo humano. Todavia, para conceber a obra, precisou usar a técnica de dissecação de cadáveres e, por isso, foi condenado à morte pela Inquisição.
Ao longo dos tempos, desde os primórdios, com suas técnicas rudimentares, até os dias atuais, a dedicação e o ideal sempre motivaram e moveram o trabalho do médico, na busca da cura, da minimização das dores de cada paciente e na incansável busca do conhecimento e do aperfeiçoamento científico. Acreditando no poder das descobertas e das invenções, no apuro da técnica aliada à entrega de uma missão por muitos encarada como sacerdócio.
Os anos passaram, muita coisa mudou e o progresso da Medicina acompanhou a evolução da sociedade, influenciada em muito pelos seus parâmetros e sob as luzes de Hipócrates.
A evolução da medicina até os dias atuais
Em 1829, foi criada a Academia Nacional de Medicina no Brasil, pelo Dr. Joaquim Cândido Soares de Meireles. Em suas instalações existe um pequeno museu e, entre seus itens em exposição, encontra-se o primeiro estetoscópio que chegou no Brasil. Foi no século XX que o País se projetou internacionalmente, quando se destacaram os cientistas Carlos Chagas, Vital Brazil, Oswaldo Cruz e Gaspar Viana.
Em todo o planeta, surgiram e se desenvolveram as especialidades, a começar pelas mais conhecidas e específicas, como a Pediatra, a Ginecologista, a Ortopedia e a Geriatria. Logo foram seguidas por diversas outras, como a Medicina Preventiva e dos Médicos Sanitaristas, empenhados no árduo trabalho de olhar com acuidade a saúde pública através de vacinas, soros, campanhas, condições sanitárias e outros problemas da população.
Aparelhos de última geração e com precisão infinitesimal e a Tecnologia da Informação são representantes exponenciais de todos os avanços alcançados e a cada nova descoberta vislumbra-se um Admirável Mundo Novo, facilitando e amparando o trabalho do médico em sua conduta para bem diagnosticar e tratar cada paciente.
Com isto, Ciência e Tecnologia caminham a passos largos para novas conquistas e aprimoramentos, com um foco maior na parte diagnóstica e na monitorização à distância, como a realização de eletrocardiogramas sem contato, esteja o paciente no carro ou em sua residência, sem ligação com nada. É o que deixam entrever inúmeros projetos em estado avançado de desenvolvimento e que podem significar um salto gigantesco em termos de prevenção. Um novo impulso para revolucionar a Medicina, com benefícios que vão desde o mais simples exame até a atenção especial para com os idosos. Se a tecnologia hoje se orgulha por disponibilizar a impressora 3D, permitindo, por exemplo, fazer medicamentos a baixo custo, de outro lado se impõe a necessidade de que a parte regulatória também acompanhe a caminhada por um futuro melhor em termos de saúde para toda a população.
Com informações da Agência Senado, site Pro Doctor e Sesg