
Com Plinio Teodoro
Após o episódio de machismo e misoginia do controlador-geral da União, Wagner Rosário, contra a senadora Simone Tebet (MDB-MS), nesta terça-feira (21), os socialistas criticaram duramente o ataque e manifestaram apoio à senadora.
Tebet fez uma dura inquirição durante a reunião da CPI da Pandemia no Senado e Rosário chamou a parlamentar de “descontrolada”, que provocou a fúria de senadores.
O líder da Oposição, deputado Alessandro Molon (PSB-RJ) manifestou seu apoio à senadora.
O líder da Minoria, deputado Marcelo Freixo (PSB-RJ), rebateu a agressão contra a Tebet.
A deputada Tabata Amaral (PSB-SP), que se filou ao partido nessa terça, lembrou que “deslegitimar” a mulher é “o caminho mais fácil”.
A Secretaria da Mulher da Câmara dos Deputados, formada pela Coordenadoria dos Direitos da Mulher e pela Procuradoria da Mulher, da qual a deputada socialista Lídice da Mata (PSB-BA) é a 2ª procuradora adjunta, também repudiou o ato do CGU.
“A bancada feminina manifesta total apoio e solidariedade à Senadora Simone Tebet (MDB-MS) e não aceita quaisquer formas de violência contra as mulheres”, disse o órgão em nota.
Eduardo Bolsonaro aproveita para destilar misoginia
Fazendo jus à educação que recebeu, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) causou revolta nas redes sociais após repetir ataque machista do pai, Jair, que foi condenado por dizer em 2014 que não estupraria Maria do Rosário (PT-S) porque ela “não merecia”.
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“Maria do Rosário do Senado. Lembra ou não lembra um ‘mas o que é isso?! O que que é isso aqui?! Mas o que é isso?!’. É ou não é um circo?”, tuitou Eduardo juntamente com o vídeo em que a senadora Simone Tebet (MDB-MS) é chamada de “descontrolada” pelo ministro-chefe da Controladoria-Geral da União (CGU), Wagner Rosário, durante a sessão da CPI da Covid nesta terça-feira (21).
A publicação causou revolta nas redes. A jornalista Juliana Dal Piva, do portal Uol, foi a primeira a lembrar que Bolsonaro foi condenado pelo ataque machista a Maria do Rosário.
“Deputado, exatamente por causa desse episódio o presidente @jairbolsonaro é réu no STF e teve que indenizar a deputada Maria do Rosário. Machismo pode, no mínimo, doer no seu bolso. Não teve imunidade parlamentar pra isso não”, tuitou.
“Machista descarado que sempre procura taxar as mulheres de descontrolada. Nada diferente de vossa família, bananinha”, comentou o perfil @adagilmar.
CPI
Durante depoimento na CPI, Wagner Rosário atacou Tebet ao ser interpelado pela senadora e gerou confusão na comissão.
Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e Rogério Carvalho (PT-SE) afirmaram que o ministro foi machista na CPI, enquanto Otto Alencar (PSD-BA) chamou ele de “moleque” e “pau mandado”. “Tá pensando que está aonde, rapaz?”, bradou outro parlamentar.
Em meio à confusão, o presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), declarou o encerramento da sessão e anunciou que Wagner Rosário agora é investigado.
Maria do Rosário
Em novembro de 2019, após cinco anos, a deputada Maria do Rosário promoveu ato para doação da indenização que recebeu de Bolsonaro, condenado por danos morais pela Justiça do Distrito Federal, em processo que a parlamentar gaúcha moveu contra o então deputado.
A indenização, no valor de aproximadamente R$ 20 mil, foi repassada para sete entidades que atuam no enfrentamento à violência contra mulheres.
Em 2014, o então deputado Jair Bolsonaro disse que não estupraria Maria do Rosário porque ela “não merecia”. No dia seguinte, reafirmou as declarações em entrevista ao jornal Zero Hora: “É muito feia, não faz meu gênero, jamais a estupraria”. A declaração deu origem a duas ações penais no Supremo Tribunal Federal (STF) e a uma ação cível, movida na justiça do Distrito Federal.