
O carnaval de rua e os desfiles das escolas de samba de São Paulo serão adiados para uma data ainda a ser definida em 2021 por causa da pandemia, segundo afirmou o prefeito Bruno Covas (PSDB) nesta sexta-feira (24). Há propostas para que as festividades sejam realizadas no fim de maio ou em julho.
Adiamentos e suspensões
O adiamento da folia e a suspensão de outros eventos – como a Fórmula 1, Parada do Orgulho LGBT e Réveillon na Avenida Paulista – colocam em risco a movimentação de R$ 3,41 bilhões no setor de comércio e serviços da cidade, conforme dados de 2019. Médicos têm apontado a dificuldade de realizar megaeventos sem que haja vacina e a população seja imunizada.
O carnaval movimenta cerca de R$ 2 bilhões, seguido do réveillon (R$ 649 milhões) e da Parada LGBT (R$ 403 milhões). Além disso, os pontos facultativos também devem ser alterados. A prova da Fórmula 1 no Autódromo de Interlagos, cujo cancelamento foi confirmado também nesta sexta pela Prefeitura, movimenta R$ 361 milhões.
A Marcha para Jesus havia sido adiada de junho para novembro, mas segundo Covas os organizadores desistiram da ideia.
Outras cidades também estão revendo o calendário de grandes eventos. O prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM), já disse que se não houver vacina contra o coronavírus até novembro, a festa na capital baiana não será realizada. Assim, no Rio, o Réveillon em Copacabana e o carnaval estão ameaçados.
Carnaval
O último carnaval aconteceu às vésperas do registro da chegada do vírus à capital, na 2ª quinzena de fevereiro. Conforme já se sabia do espalhamento da doença pela Europa e Estados Unidos nas semanas anteriores, houve debates sobre a necessidade de cancelar o evento este ano, o que foi rechaçado por autoridades à época.
Em 2020, segundo a Prefeitura, o público dos blocos de rua chegou a 15 milhões de foliões, sem contar os blocos pré e pós-carnaval.
Para tomar a decisão sobre o carnaval 2021, Covas já havia se reunido com dirigentes de escolas de samba e coordenadores dos principais blocos de rua. De acordo com as reuniões, a avaliação é de que fica praticamente impossível adotar protocolos de segurança, como o distanciamento entre foliões.
“Apesar de a cidade sempre estar evoluindo no Plano São Paulo (protocolo estadual de flexibilização da quarentena), ainda estamos enfrentando a pandemia”, disse Covas.
Representantes de escolas de samba da cidade disseram apoiar a medida, destacando a preservação da saúde dos integrantes das agremiações e a possibilidade de planejar melhor o evento do ano que vem.
Pandemia
“Todo o tempo pensamos nos funcionários e artistas que trabalham diretamente nas escolas de samba”, disse a presidente da Sociedade Rosas de Ouro, Angelina Basílio.
“A partir dessa nova data, podemos dar o ‘start’ no projeto de 2021. Com isso, na Rosas de Ouro, vamos falar sobre todos os rituais de cura no tema ‘Sanitatem’, que está sendo desenvolvido pelo carnavalesco Paulo Menezes”, afirma.
A escola, segundo Angelina, vem trabalhando em um projeto de arrecadação de doações para famílias atingidas pela Covid-19 na Freguesia do Ó e na Brasilândia, na zona norte, uma das mais atingidas pela pandemia na cidade.
Presidente da Imperador do Ipiranga, Rodrigo Souto disse que o adiamento foi “em comum acordo” entre a liga das escolas, agremiações e Prefeitura. “Com essa previsão, já é possível dar continuidade no desenvolvimento do projeto do desfile do ano que vem. Ainda estamos no prazo para iniciar a confecção dos pilotos, produção de alegorias e reprodução de fantasias.”
Segundo ele, a escola está, no momento, empenhada em ajudar famílias da comunidade de Heliópolis, na zona sul da capital paulista.
Com informações do Estadão.