
O Tribunal de Contas da União (TCU) determinou que o Ministério da Saúde distribua os 3 milhões de testes para diagnóstico da Covid-19 que ainda estão encalhados. A decisão é do ministro Benjamin Zymler, que determinou que o ministério aplique “imediata destinação” dos insumos por entender que podem ser perdidos.
No despacho, o ministro apresenta os principais motivos para o encalhe. Entre eles, a falta de articulação do ministério com Estados e municípios, a compra de apenas parte dos insumos necessários à realização dos exames e, ainda, dúvidas sobre a compatibilidade dos testes de detecção e os equipamentos das unidades de apoio da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e dos laboratórios dos Estados.
Para que os testes não sejam desperdiçados, o Brasil precisará usá-los em ritmo muito superior ao que vem usando até então. “Para que não haja a perda do insumo, em abril e maio deste ano seria necessária a utilização de uma média de 14.500 kits, número superior, portanto, à média de 6.179 dos últimos doze meses”, diz Zymler.
Molon comenta decisão do TCU
O líder da Oposição na Câmara, Alessandro Molon (PSB-RJ) comentou sobre o abandono dos testes pelo governo federal. “Mais uma obra da pior gestão do mundo no combate à pandemia”, comentou pelas redes sociais.
Estoque prestes a vencer
Cada kit possui insumos para cem testes que atestam a infecção pelo coronavírus. O não cumprimento da determinação pode acarretar em pagamento de multa pelo ministério. “Há risco iminente de não haver adequada destinação ao estoque atualmente disponível que está prestes a vencer”, disse o ministro em seu despacho.
Os testes encalhados são do tipo RT-PCR, considerado “padrão ouro” na detecção da Covid-19. O Ministério da Saúde chegou a estocar 6,8 milhões de exames, materiais que custaram R$ 764,5 milhões. Em dezembro, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) prorrogou a validade dos testes por mais quatro meses.
Há milhões de exames do tipo RT-PCR armazenados em um galpão federal de São Paulo, e prestes a terem os prazos de validade vencidos. Em fevereiro, o Ministério da Saúde tentou doar 1 milhão dos produtos sem uso para o Haiti.
Com informações do Estadão