
Os esforços do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para que as gigantes da tecnologia atuem contra a disseminação de fake news e as ameaças à democracia fez com que o Twitter adotasse um pacote de medidas voltadas para as eleições de outubro.
Nesta segunda-feira (4), a plataforma anunciou que colocará etiquetas nos perfis de candidatos à presidência, Câmara dos Deputados e Senado.
Também prometeu adotar uma nova política para preservar o debate em torno da campanha eleitoral e fazer a curadoria de tuítes com informações confiáveis para compor a seção especial das eleições ‘Moments’. O detalhamento das ações será publicado na Central de Ajuda da plataforma.
A partir de julho, o Twitter afirmou que fará campanhas educativas para ajudar os usuários a identificar a desinformação.
Parte das ações foi adotada nas eleições de 2020, nos Estados Unidos e chegou ao Brasil após o Twitter aderir ao Programa de Enfrentamento à Desinformação do TSE. O objetivo da Corte eleitoral é combater a disseminação de fake news nas eleições deste ano.
Ações
Os candidatos aos cargos em âmbito federal – presidência e Congresso – terão rótulos aplicados em seus perfis. A plataforma não permitirá a remoção dessa identificação, que será feita a partir de dados fornecidos pelo TSE.
Dessa maneira, os usuários saberão o cargo a que determinado candidato concorre.
À Folha, advogada Daniele Kleiner Fontes, que deixou o Facebook onde gerenciou projetos de segurança na rede, afirmou que explica que os novos recursos são uma camada extra de proteção às ações que o Twitter já executa.
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“Eleições são a melhor justificativa para a gente ter essa camada extra. O objetivo primordial é garantir que o debate no Twitter não prejudique o exercício e a responsabilidade das pessoas em relação ao voto.”
Distinguir a fake news de informação
Em outra ação, já adotada em casos de discurso de ódio ou mentiras sobre a covid-19, o Twitter vai aplicar a Política de Integridade Cívica. Com isso, a visibilidade da publicação pode ser reduzida, além de ser marcada como informação não confiável.
“Informações do tipo ‘não importa qual número você digite, que o voto vai sempre para o candidato X, porque as urnas eletrônicas não são confiáveis’. Esse é o típico exemplo de quando nós vamos tomar ação”, exemplifica Kleiner à Folha.
De outro modo, ela ressalta que nem todas as publicações falsas são removidas.
“Estudos apontam que quando as pessoas compartilham uma informação falsa é porque elas se identificaram com aquilo. A mera remoção daquele conteúdo não gera uma oportunidade educacional. Com informações confiáveis, confrontando aqueles rumores, é uma oportunidade de que as pessoas aprendam algo e possam frear esse tipo de circulação.”