
Nesta quinta-feira (28), o recém-nomeado assessor especial do Ministério da Saúde, Ridauto Fernandes, afirmou que Manaus tem 600 pacientes da Covid-19 na fila de espera por atendimento médico e que, caso doença evolua para quadros graves, estes “vão morrer na rua”. O governo federal sabia desde 28 de dezembro do iminente colapso na saúde no estado.
Segundo o general da reserva, no entanto, a pasta preferiu esperar “alguns dias”, para acompanhar a transição de prefeitos. “Ficaria muito ruim irmos para Manaus naquele dia e encontrar uma administração municipal que dois dias depois estaria toda sendo substituída”, explicou em encontro com deputados e secretários de Saúde.
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“Haveria um prejuízo muito significativo a qualquer atividade que fosse feita”, enfatizou Fernandes. Com a demora da assistência do governo, porém, o prejuízo foi um salto drástico na média de mortes por Covid-19 no estado do Amazonas. No mês de janeiro, a média móvel dobrou em comparação com o primeiro pico da doença, no primeiro semestre do ano passado.
O Amazonas começou 2021 com uma média de 19 mortes por semana. Na terça-feira (26), o estado registrou o recorde na média móvel de 139, um salto de 630% desde 1º de janeiro.
Bolsonaro diz que ‘fez além da obrigação’ em Manaus
“Nós fomos além daquilo que somos obrigados a fazer”, é o que presidente Jair Bolsonaro (sem partido) avaliou sobre a sua própria gestão em relação ao colapso da saúde pública em Manaus. A afirmação ocorreu na última quarta-feira (26) em frente ao Palácio da Alvorada. A fala do presidente aos seus apoiadores foi transmitida por um site bolsonarista.
“Questão lá de saúde [em Manaus]: nós demos dinheiro, recursos e meios. Não fomos oficiados por ninguém do estado na questão do oxigênio. Foi uma sexta-feira [8 de janeiro] a White Martins [fornecedora de oxigênio hospitalar]. Na segunda [11] estava lá o ministro [da Saúde, Eduardo Pazuello]. Atualmente está equalizada a questão lá. Agora no estado tem que ter gente para prever quando vai faltar uma coisa ou não, para tomar providência. Nos fomos além daquilo que somos obrigados a fazer”, declarou.
Embora o presidente declare que o governo não foi notificado, a imprensa revelou que o ministro Eduardo Pazuello foi avisado sobre a escassez crítica de oxigênio em Manaus por integrantes do governo do Amazonas, pela empresa que fornece o produto e até mesmo por uma cunhada sua que tinha um familiar “sem oxigênio para passar o dia”.
‘Isso vai se alastrar para o Brasil’
Durante coletiva de imprensa em Manaus, o secretário de Saúde do Estado, Marcellus Campêlo, e o governador Wilson Lima (PSC), reforçaram que a crise deve ser encarada e administrada no âmbito nacional. O secretário chegou a afirmar que alertou o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) e que a crise pode se espalhar pelo restante do país.
“Vai ter que ter uma força nacional, uma estratégia nacional, porque eu alerto, e alertei hoje na reunião do Conselho Nacional de Secretários de Saúde, o Conass: aqui é só o começo. Isso vai se alastrar para o Brasil, e a crise de oxigênio tem que ser uma estratégia nacional”, declarou nesta quinta (28).
Segundo informação divulgada pelo Governo do Amazonas e Ministério da Saúde, a rede hospitalar pública e privada precisa hoje de cerca de 80 metros cúbicos. A capacidade de produção da White Martins, Carbox e Nitron, que fornecem o insumo para o estado, é quase três vezes menor: 33 mil metros cúbicos.
“Há um crescimento de oxigênio variável, de 2% ao dia. Portanto, precisamos do apoio do Governo Federal e continuar com estratégias de manter o que está tendo e buscar todas as formas alternativas”, declarou o secretário.
Com informações da Folha de S. Paulo e UOL
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