
Ao menos 16 milhões de brasileiros que tiveram diagnóstico suspeito ou confirmado de Covid-19 ficaram com seus dados pessoais e médicos expostos na internet durante quase um mês por causa de um vazamento de senhas de sistemas do Ministério da Saúde. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
A exposição das informações não foi causada por ataque hacker, mas sim decorrente de uma ação de Wagner Santos, funcionário do Hospital Albert Einstein que tinha acesso liberado aos bancos de dados do ministério. Ele trabalhava em projeto de parceria com a pasta e ficava baseado na sede do ministério.
No dia 28 de outubro, Wagner publicou em seu perfil pessoal da plataforma GitHub, usada por programadores para hospedar códigos e arquivos, a planilha com as informações.
Entre as pessoas que tiveram a privacidade violada, com exposição de informações como CPF, endereço, telefone e doenças pré-existentes, estão o presidente Jair Bolsonaro e familiares; o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello; outros seis titulares de ministérios, como Onyx Lorenzoni e Damares Alves; o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), e mais 16 governadores, além dos presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP).
Os bancos de dados do ministério trazem, além das informações pessoais dos pacientes, como a existência de doenças ou condições pré-existentes. Alguns registros de pacientes internados traziam até informações do prontuário, como quais medicamentos foram administrados durante a hospitalização.
No registro do ministro Pazuello, por exemplo, era possível saber em qual andar do Hospital das Forças Armadas ele ficou internado e qual profissional deu baixa em sua internação.
Para o advogado Juliano Madalena, professor de Direito Digital, o vazamento das senhas e exposição dos dados que deveriam ser resguardados pelo poder público é preocupante. De acordo com o especialista, as informações podem ser usadas para fins comerciais por diferentes empresas.
“Dados de saúde podem ser usados por empresas do ramo que queiram criar produtos específicos voltados para um público, por empresas de seguro de vida ou planos de saúde de forma indevida, muitas vezes até com aspecto discriminatório, pois você tem as informações sobre o histórico de saúde da pessoa”, diz.
Com informações do Estadão