
O Fundo Emergencial Volta Por Cima foi criado por quatro empreendedores sociais, Maure Pessanha, da Artemisia, Marcelo Rocha, o DJ Bola, de A Banca e Anip, Edgard Barki, do FGVcenn, e Alessandra França, do Banco Pérola, o fundo justifica o nome por atuar nas periferias de forma emergências e por ser inovador, informa reportagem da Folha de São Paulo
“Da ideia até a execução e seleção dos projetos foram 25 dias. Um ligava para o outro. Havia um senso de urgência e de propósito muito grande”, diz Maure, 38, diretora-executiva da Artemisia, que trabalha com a aceleração e capacitação de negócios sociais.
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A primeira inovação se deu no formato do fundo, já que ele investe apenas em negócios e projetos sociais que atuam em periferias. Com o dinheiro, os selecionados ainda recebem mentoria dos empreendedores do fundo.
“O Volta Por Cima se tornou uma grande rede, um ‘ninguém larga a mão de ninguém’. Estamos juntos com os projetos, e eles estão com a gente”, diz Barki, que é administrador e professor do Centro de Empreendedorismo e Negócios da FGV.
E o estar junto representa que cada projeto ganha acompanhamento mensal, que envolve saber do uso do dinheiro (impacto), desenvolver o capital humano (gestão do negócio), incentivar as relações sociais (acesso a redes) e dar atenção psicológica (terapia individual).
Outra inovação está na operação do fundo, que doou R$ 15 mil a cada projeto, com 6 meses de carência e pagamento em 12 parcelas sem juros.
Essas condições, únicas, exigiram adequação do Banco Pérola, de Alessandra, 35. “Foi tudo novo para nós e estruturado com cada um de sua casa. A gente já operava digitalmente, mas havia urgência e tinha de fazer com que nosso sistema identificasse juro zero, que não existe no mercado”, diz a diretora do banco, que beneficiou 3.000 famílias desde 2009.
Ao todo, de 250 projetos mapeados, 55 foram selecionados para receber R$ 15 mil cada um. Foram três rodadas de liberação dos recursos, entre junho e agosto.
“Esses empreendedores selecionados fazem micro revoluções num bairro, num grupo de pessoas ou num segmento. É um dinheiro que permite pagar contas e manter o negócio. É dinheiro que chega aonde o poder público não chega”, diz DJ Bola, 39.
Para ele, que mora e atua no Jardim Ângela, bairro que já foi considerado o mais violento de São Paulo, a pandemia “teve vários efeitos na quebrada”, tanto positivos, “como a solidariedade, com pessoas com pouco ou quase nada dividindo o que tinham”, e muitos negativos, que vão “da extrema pobreza escancarada e internet que não chega até falta de renda”.
Os desafios de operar o fundo foram superados pela ligação dos quatro empreendedores, cada um também lutando para manter suas entidades. São todos voluntários no fundo, reunidos com senso de família, pois se consideram “irmãos”, “incansáveis” e “construtores de pontes”.
Os números do Fundo Emergencial Volta Por Cima
- 500 empreendedores diretamente impactados;
- R$ 1,2 milhões em recursos mobilizados;
- 35 novos negócios impactado social provenientes de periferias em 10 estados receberam aportes do fundo;
- 60% dos empreendedores se autodeclaram do gênero feminino, 40% pretas (os) e 21,8% pardas (os)
Com informações da Folha de São Paulo