
De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), trabalhadores domésticos e ligados à prestação de serviços às famílias são os que mais sofrem com a pandemia da Covid-19 no Brasil. Desde maio, foram cerca de 500 mil postos de trabalho perdidos.
Em entrevista à Folha de S. Paulo, a presidente do Sindicato das Empregadas e Trabalhadores Domésticos da Grande São Paulo, Janaina Mariano de Souza, afirmou que a cada 10 atendimentos feitos pela entidade, 8 são de domésticas desempregadas no período. “Para nossa categoria, a pandemia ainda está fazendo estrago”, diz.
Com a medida provisória instalada pelo governo, além das demissões há também suspensão de contrato. A estimativa é que para cada 100 novos papéis que chegam ao sindicato, 98 são para suspensão do serviço.
Para Rodolpho Tobler, da Fundação Getulio Vargas, há dois fatores estão prejudicando os serviços domésticos: a cautela em relação à renda e o medo de contágio da Covid-19.
“As pessoas evitam consumir serviços porque tiveram demissões ou salários reduzidos. E a pandemia não está controlada, esse tipo de serviço demanda presença física, não tem como ter serviço doméstico sem ser assim, precisa estar presencialmente e isso tudo complica”, afirma o economista.
O especialista ainda afirma que o corte no auxílio emergencial vai pressionar o mercado de trabalho, fazendo as pessoas irem às ruas em busca de emprego.
“Com o benefício caindo pela metade, isso pressiona o orçamento das famílias e elas ficam obrigadas a procurar emprego. Os R$ 300 não são suficientes para se manter, mas a economia não reage tão rápido para absorver a todos, e muito vão fazer bico, para conseguir renda”, diz.
Com o corte pela metade do benefício e a alta na inflação de alimentos, a tendência é que, por questão de sobrevivência e manutenção de dignidade, a informalidade cresça no país.
Laudelina de Campos Melo, a pioneira na luta por direitos de trabalhadores domésticos no Brasil

Laudelina de Campos Melo, pioneira na luta dos trabalhadores domésticos no Brasil, apareceu no Doodle do Google nesta segunda-feira (12). Como homenagem ao dia que faria 116 anos, a mineira nascida em Poços de Caldas (MG) ganhou uma ilustração na página de buscas do site.
Na década de 1930, em São Paulo, ela se filiou ao Partido Comunista Brasileiro (PCB) e militou pela Frente Negra Brasileira (FNB), entidade do movimento negro que também seria reconhecida como partido.
A atuação de Laudelina e de outras pioneiras foi essencial para a categoria, e por extensão para as mulheres negras, porque as trabalhadoras domésticas não tinham direito à sindicalização e nem eram protegidas pela legislação vigente.
No início daquela década, ela formou a primeira associação de trabalhadores domésticos do Brasil, em Santos. Em 1991, aos 86 anos de idade, essa grande guerreira morreu em Campinas.
Com informações da Folha de S. Paulo e da BBC News Brasil
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