
Um levantamento do Quero Bolsa, plataforma de bolsas de estudo e vagas no ensino superior, aponta que 74%, dos 58% de estudantes negros que realizaram o Enem 2019, não têm estrutura mínima em casa para assistir aulas à distância.
O dado ilustra bem o drama enfrentado por estudantes que encontram dificuldades para acessar internet, adquirir aparelho celular ou computado com tecnologia compatível à necessidade.
Com a Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus, as aulas presenciais foram suspensas, deslocando a maioria dos alunos do país para o ensino à distância. A mudança acabou prejudicando estudantes negros afetados pela desigualdades socioeconômicas, destaca o Alma Preta.
Os resultados, alcançados a partir de microdados do Enem, indicam que não apenas estudantes negros, mas também indígenas e moradores das regiões Norte e Nordeste do país que fizeram o exame em 2019 são os mais prejudicados pela modalidade de ensino EAD.
Entre todos esses grupos, 21% que compareceram às provas não tinham estrutura mínima para estudar à distância. Essa proporção sobe para 27,72% quando se trata de negros (pretos ou pardos), 39,58% de indígenas, mas cai para 11,29% no caso de pessoas brancas.
A maiores taxas alunos sem infraestrutura mínima para o EAD estão em: Pará (49%), Amapá (48%), Acre (47%) e Maranhão (46%). Já as menores taxas são do Rio de Janeiro (12%), Paraná (9,45%), São Paulo (8,89%) e Santa Catarina (6,46%).