Um Oito de Março potente de empoderamento feminino, repactuação de lutas e trocas afetivas levou às ruas da capital federal cerca de 4 mil mulheres

Enfileiradas, entoando palavras de ordem e cantos de afeto, um manto de mulheres cobriu um percurso de 2,5 Km na manhã de hoje (8), em Brasília.
Elas saíram do Pavilhão de Exposições, do Parque da Cidade, e fizeram uma parada simbólica no Palácio do Buriti.
Em frente à sede do Governo do Distrito Federal (GDF) elas denunciaram o feminicídio, a violência de gênero e exigiram políticas públicas eficazes para todas.
Distrito da morte
Em 2019, o Distrito Federal registrou 16.954 boletins de ocorrência de episódios enquadrados na Lei Maria da Penha. Entre eles há 89 vítimas sobreviventes a tentativas de feminicídios e 33 ataques que culminaram na morte de mulheres.
Os dados da ferramenta de monitoramento “Elas por Elas”, do portal Metrópoles, são uma amostra que espelha o aumento dos casos de feminicídio em todo o Brasil.
O protesto deste domingo reforçou a necessidade da sociedade civil cobrar das autoridades públicas medidas enérgicas que cessem os casos de feminicídio.
Além disso, o ato deste ano, liderado pelas trabalhadoras sem-terra, reuniu mulheres do campo, das florestas e das cidades em uma manifestação que uniu vozes femininas para um estrondoso grito de “Fora Bolsonaro!”.
Confira a entrevista com Kelli Maforte, dirigente nacional do MST:
O cenário é de total abandono do segmento pelo Governo Federal, que zerou recursos para a pasta das mulheres.
As mulheres mobilizaram coletivos feministas e trabalhadoras de 24 estados, somando-se a outras de 13 países. Todas em marcha contra o fascismo, pela Reforma Agrária e a favor do eixo democrático da liberdade.
Lançada ainda na gestão de Dilma Rousseff, em 2015, a Casa da Mulher Brasileira apoia mulheres que foram alvo de violência. No início do projeto havia 27 unidades, agora, no entanto, apenas cinco estão funcionando.
A falta de recursos para o programa ilustra a falta de prioridade do governo para políticas públicas voltadas para mulheres.
Entre 2015 e 2019, o orçamento da Secretaria da Mulher foi reduzido de R$ 119 milhões para R$ 5,3 milhões.
Em 2020, o Dia Internacional da Mulher levou para as ruas o lema “Territórios Livres & Corpos Vivos”.
O protesto denuncia as ações de Estado pensadas para silenciar mulheres, negar direitos, criminalizar a posse sobre o próprio corpo.