
Com Lucas Vasques
Parlamentares socialistas repudiaram ataques a Ciro Gomes (PDT) ocorridos no ato contra Jair Bolsonaro (sem partido), na Avenida Paulista, em São Paulo, na tarde do sábado (2). O pedetista teve o carro alvo de ataques de militantes do PT. O líder da Oposição, Alessandro Molon (PSB-RJ), publicou no Twitter que durante os atos “Fora Bolsonaro” que aconteceram no Rio de Janeiro e em São Paulo, defendeu que as diferenças entre os democratas não podem estar acima da luta contra Bolsonaro. O socialista considerou inaceitáveis as agressões contra Ciro Gomes e se solidarizou com o político.
Já o líder da Minoria, Marcelo Freixo (PSB-RJ), afirmou que é um defensor do diálogo e da unidade na luta contra Bolsonaro, e por isso, repudiou as agressões praticadas por uma minoria contra Ciro Gomes, quem o socialista considera uma “liderança importante e aliado fundamental na luta em defesa do Brasil”.
O deputado Bira do Pindaré (PSB-MA) classificou os ataques proferidos a Ciro Gomes e ao presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, como ‘inaceitaveis’. Pindaré ainda frisou que “a união de todas as forças democráticas é imprescindível para enfrentar o fascismo que governa o Brasil”.
A deputada Lídice da Mata (PSB-BA) também enfatizou que repudia todo e qualquer tipo de agressão. Lídice declarou que “a democracia é feita também com discordância, mas nunca com qualquer violência”. A socialista ainda disse que “Ciro Gomes é um aliado na luta contra o fascismo e contra o obscurantismo instalado no Brasil”.
Vaias e tentativas de agressão
Pré-candidato do PDT à Presidência da República, Ciro Gomes foi alvo de vaias e de uma tentativa de agressão. Em discurso em um carro de som na Avenida Paulista, Ciro primeiro fez fortes críticas ao atual presidente, destacando o “fascismo travestido de verde e amarelo” como maior ameaça ao Brasil hoje. Depois da fala, enquanto se encaminhava para deixar a manifestação, o pedetista foi alvo de vaias de militantes contrários à sua presença nos atos.
Depois de Ciro deixar o protesto, um grupo de militantes seguiu o presidenciável, com um deles chegando a tentar arremessar uma garrafa de bebida contra o pedetista. Dois grupos de manifestantes a favor e contra Ciro entraram então em conflito, com a polícia usando spray de pimenta para conter a confusão.
Em nota, o PDT disse que as agressões partiram de “meia dúzia de militantes petistas que estavam em um bar, visivelmente alterados”. “São atos covardes de quem não está interessado no país. Esses covardes não intimidarão quem quer que seja. Ciro e o PDT seguirão na luta contra Bolsonaro e a favor do Brasil”.
O próprio Ciro se manifestou sobre o caso, dizendo que foi aos protestos “de peito aberto” e “sabendo que poderia enfrentar a deselegância de alguns radicais”. “Eles nunca me intimidarão. Porque as ruas não têm dono. E a democracia não tem senhores”.
Hoje praticamente confirmado na disputa presidencial para 2022, Ciro Gomes vem entrando em rota de colisão com a militância de esquerda há vários anos, desde que passou a subir o tom das críticas contra o PT e o ex-presidente Lula. Nas últimas pesquisas de opinião, o pedetista tem aparecido sempre em terceiro lugar, atrás de Lula e Bolsonaro, com até 6% das intenções de voto no primeiro turno.
“Trégua de natal”
As vaias recebidas por Ciro Gomes , durante os atos contra Jair Bolsonaro (sem partido) espalhados pelo Brasil, no sábado (2), provocaram uma mudança de postura no presidenciável. No dia das manifestações, o pedetista tinha dado a entender que “esqueceu” os ataques sistemáticos contra o PT e o ex-presidente Lula e pregou a união contra o inimigo comum.
No domingo (3), ele postou novo vídeo em suas redes sociais para propor uma “amplíssima trégua de Natal”, diante das divergências com setores do campo progressista, com o objetivo de conseguir o impeachment de Bolsonaro.
Ciro disse que não é o momento de dar valor a incidentes como os que ocorreram nos protestos. A trégua não representa “esquecer tudo”, mas, sim, ignorar “bobagenzinhas” como as vaias e ataques recebidos por parte de petistas nas manifestações.
“As minhas divergências com o PT são, a cada dia, mais profundas e insuperáveis. O que eu estou propondo para toda militância nossa é não dar valor a esses incidentes, que são desagradáveis, mas são irrelevantes, principalmente nessa gravíssima hora que o Brasil está pedindo da gente serenidade, equilíbrio e foco. Nós estamos propondo uma amplíssima trégua de Natal. Não tem nas guerras por aí afora, onde se faz até dois dias de trégua? Quando o assunto for Bolsonaro e impeachment, a gente deve esquecer tudo e convergir para esse consenso, que já não é fácil”. Ciro Gomes
“Uma trégua numa guerra de verdade é o apelo a um momento de respiro, no qual muitos episódios aconteceram. Só na noite do Natal vamos parar de atirar uns nos outros”, disse.