
Para quem garantiu corrupção zero em seu governo, Jair Bolsonaro (PL) coleciona uma série de escândalos que envolvem suspeitas de corrupção, tentativa de atrapalhar investigações e dificultar a ação de órgãos de fiscalização e controle. Enquanto os indícios contra Bolsonaro e seu clã crescem a cada dia, eles fazem barulho sem apresentar nenhuma prova.
As denúncias de corrupção dentro do Ministério da Educação, que vão de cobrança de propina por dois pastores indicados por Bolsonaro e superfaturamento de ônibus escolares em mais de R$ 700 milhões, são apenas os mais recentes dos inúmeros casos envolvendo Bolsonaro e seus aliados que vieram à tona.
Leia também: Bolsolão do Busão: MEC quer superfaturar compra de ônibus escolares em mais de R$ 700 milhões
Um dos casos mais emblemáticos é o esquema das rachadinhas praticados por Bolsonaro e seus filhos Carlos e Flávio.
O esquema consiste em pegar todo ou parte dos salários de funcionários fantasmas. De acordo com as denúncias, o esquema foi mantido por anos nos gabinetes dos três.
Ao mesmo tempo em que nega as acusações, o clã Bolsonaro atua para barrar as investigações e sequer responde de fato às suspeitas.
Outro caso que explodiu contra os Bolsonaro foi o dos R$ 89 mil depositados pelo então assessor de Flávio Bolsonaro, Fabrício Queiroz, na conta de Michelle Bolsonaro, então futura primeira-dama.
Como resposta, a família presidencial apresentou versões contraditórias e nunca comprovou o motivo dos depósitos.
Ainda em 2018, o crescimento extraordinário dos Bolsonaro foi revelado pela Folha. Embora teoricamente viviam com seus salários de parlamentares, tinham 13 imóveis que somavam R$ 15 milhões à época. A maior parte deles em áreas valorizadas do Rio de Janeiro.
Em 2021, Flávio comprou uma mansão em Brasília por R$ 6 milhões.
Nenhuma explicação sobre a origem do dinheiro para adquirir tamanho patrimônio.
Leia também: Incoerências de Flávio Bolsonaro e a mansão de R$ 6 milhões em Brasília
Laranjal do PL
O PSL, antigo partido de Bolsonaro que se fundiu com DEM e virou União Brasil, promoveu um esquema de desvios de recursos públicos com candidaturas laranja, em 2018, revelado pela Folha.
O esquema consistia em simular o lançamento de candidaturas de mulheres somente para ter acesso ao dinheiro da cota de gênero e usá-lo para outros fins.
Indiciado pela Polícia Federal e denunciado pelo Ministério Público, Marcelo Álvaro Antônio ficou como ministro do Turismo por quase dois anos.
Leia também: Justiça recebe 243 ações por suspeita de mulheres candidatas laranjas
Outro aliado de Bolsonaro, Fabio Wajngarten recebia dinheiro de emissoras e agências contratadas pela Secretaria de Comunicação da Presidência (Secom) enquanto era chefe do órgão.
As verbas de publicidade chegavam aos bolsos de Wajngarten por meio das agências de publicidade das quais era sócio e que eram contratadas pela Secom.
Wajngarten ainda permaneceu um mês no cargo antes de ser demitido por Bolsonaro que alegou que o assessor não era criminoso.
Em defesa da madeira ilegal
Bolsonaro também manter no governo o então ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles. Ele foi outro que permaneceu um mês no cargo mesmo após ter sido alvo de operação da Polícia Federal, nas investigações sobre contrabando de madeira no Pará.
Antes de Salles finalmente deixar o governo, Bolsonaro afirmou que era “um ministro excepcional”.
Leia também: Advogado de Bolsonaro libera na Justiça madeira apreendida no caso Salles
Saúde devastada
Enquanto milhares de pessoas morriam de covid-19, Bolsonaro ignorou as denúncias feitas pelo deputado Luis Miranda (Dem-DF) e pelo irmão dele, Luis Ricardo Miranda, servidor concursado do Ministério da Saúde, sobre corrupção na compra da vacina indiana Covaxin pela pasta.
Leia também: Luis Miranda pedirá que PF investigue possível espionagem de Bolsonaro
O caso veio à tona somente durante a CPI da Covid, no ano passado. Bolsonaro se contradisse, mas, por fim, disse ter repassado a denúncia, o que nunca ocorreu. Quando informado pelos Miranda, porém, atribuiu a culpa ao eu líder do governo, deputado Ricardo Barros (PP-PR).
Com investigação de prevaricação, por não ter tomado providência diante de um crime, o Procurador-Geral da República, Augusto Aras, tentou arquivar o inquérito no STF. Disse que o presidente não tem obrigação de informar às autoridades a ocorrência de um crime na administração. Todos os servidores públicos têm essa obrigação e Bolsonaro, como ocupante de um cargo público, deve seguir as mesmas.
Leia também: Aras vai recorrer da decisão que nega arquivamento de inquérito contra Bolsonaro
O contrato previa R$ 1,61 bilhão para a compra de 20 milhões de doses de vacinas superaturadas.
Esse não foi o único caso de corrupção envolvendo as vacinas durante a pandemia.
O cabo da PM e lobista Luiz Paulo Dominghetti acusou o então diretor de logística do ministério, Roberto Ferreira Dias, de cobrar propina de um dólar por dose da vacina AstraZeneca.
Leia também: Bolsonaro e Michelle envolvidos em negociação da propina de vacina
Em outro episódio o ex-ministro Eduardo Pazzuello pretendia comprar 30 milhões da vacina chinesa Coronavac pelo triplo do preço oferecido pelo Instituto Butantan.
Além da fraude nas licitações do Exército para a compra de insumos para fabricação de cloroquina, conforme determinação de Bolsonaro que defendeu arduamente o medicamento comprovadamente ineficaz para o tratamento da covid.
Com informações da Folha