por Domingos Leonelli em 16/10/2018.
Uma característica comum aos governos de direita do Brasil (Michel Temer) e da Itália dos primeiros anos deste século 21 (Silvio Berlusconi) foi o corte de verbas para a pesquisa científica. Donald Trump também tentou cortar, mas o Congresso norte-americano vetou a proposta. Aqui, no Brasil, o presidente em exercício cortou-as assim mesmo.
No que pese a verificação de uma certa unanimidade retórica a respeito da importância da Ciência e da Tecnologia, a direita considera que tecnologia boa é a importada, produzida em outros países. E acha que não vale a pena “gastar” dinheiro com pesquisa que não seja, imediatamente, transformável em produto. E no Brasil, direita, esquerda e centro, a se tomar pelos programas de governo dos presidenciáveis de 2018, estão de pleno acordo ao não considerarem a Inovação, a Ciência & Tecnologia e a Economia Criativa, enfim, como um eixo estratégico de desenvolvimento. Todos falam, apenas, em reindustrializar o Brasil, com se tivéssemos deixado de ser um país industrial.
Num contraponto ideológico e geopolítico, a China e o seu socialismo de mercado aplicam mais de US$ 300 bilhões em pesquisa e desenvolvimento, como informa a professora Beatriz Boacelli, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). E o presidente chinês Xi Jinping falou mais de 60 vezes em inovação, durante um discurso de duas horas, no Comitê Central do Partido Comunista Chinês. Ciência, pesquisa, Tecnologia e Inovação vão se constituir como 2,5 do PIB chinês até o ano 2020. E olhe que o PIB da China, em 2018, corresponde a US$ 11,2 trilhões.
Não se pode dizer que os chineses entendem que a tecnologia é “a filha natural da Ciência”, consideração filosófica de Umberto Eco. Os chineses sabem muito bem que o desenvolvimento dos produtos tecnológicos depende de longos processos de pesquisa e experimentação.