
Negros relatam em reportagem do G1 episódios de racismo ocorridos na Baixada Santista, em São Paulo, fazendo com que se sentissem inseguros e minoria no Brasil. Eles também contam como passar grande parte da vida sendo pressionados pela ‘ditadura do cabelo’, roupas, costumes, fez com que eles tentassem se enquadrar dentro de um padrão estético branco e como o racismo afetou suas vidas.
Um levantamento sobre o racismo no país apontou que 94% dos brasileiros reconhecem que as pessoas negras têm mais chances de serem abordadas de forma violenta e mortas pela polícia. Os dados são da pesquisa “As Faces do Racismo“, feita pelo Instituto Locomotiva a pedido da Central Única de Favelas (CUFA).
Leia também: As faces da racistocracia brasileira e a transracialização eleitoral
Para a reportagem, o assistente social Ketinho Oliveira, de 28 anos, relatou que presenciou e viveu a violência só por ser negro. Ele contou que entrou na Justiça duas vezes por casos de racismo que sofreu, e em ambos perdeu a causa.
Um deles foi por intolerância religiosa, já que segue uma religião de matriz africana – o candomblé. Ele apontou que trabalhava no setor de telemarketing de uma empresa, e quando chegou de roupa branca e turbante na organização, foi proibido de entrar. Ele registrou boletim de ocorrência, mas perdeu a causa.
Para tentar reverter a influência do racismo em sua vida, ele passou a escrever poesias e participar de movimentos sociais ligados à causa.
“O racismo é como um prego, e o nosso corpo é uma madeira. Quando você retira esse prego, o buraco ainda permanece. Isso faz com que os negros se sintam menosprezados e desumanizados, nossa voz não é ouvida. O preconceito é muito perverso”, desabafa.
Infância marcada pelo racismo
O assistente social Ricardo Moreira, de 53 anos, recordou para a reportagem que, logo que entrou na escola, as situações de preconceito começaram a se manifestar e já o deixavam incomodado, principalmente por conta de apelidos. Um dos apelidos que o marcaram era ‘Kunta Kinte’, personagem sequestrado e escravizado retratado no romance “Raízes: A Saga de uma Família Americana”, do autor norte-americano Alex Haley.
“A história trazia todo o sofrimento de um homem escravizado, humilhado e destituído de humanidade, e eles me comparavam a ele, então aquilo me doía na alma. E infelizmente isso não acontecia só antigamente, porque minha filha mais nova passou por episódios muito tristes de racismo na escola que frequenta, os coleguinhas ficavam xingando ela por conta do cabelo”, diz. Para se defender das agressões e xingamentos que vivia na infância, Moreira precisou ingressar no caratê.
Acesse a reportagem completa aqui.