
Uma comitiva formada por representantes de clínicas particulares de vacinação vai embarcar nesta segunda-feira (4) para a Índia a fim de negociar a compra de 5 milhões de doses da vacina indiana contra a Covid-19, a chamada Covaxin. A afirmação foi dada pelo presidente da Associação Brasileira das Clínicas de Vacinas (ABCVac), Geraldo Barbosa, em entrevista à Globonews.
A comitiva, que só deve retornar ao Brasil no dia 10, segundo ele, irá vistoriar o produtor da vacinas para saber qual a capacidade de fornecimento.
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De acordo com o presidente da associação, que representa 70% das clínicas particulares do país, a negociação se dá com o laboratório indiano Bharat Biotech. Neste domingo (3), as autoridades do país asiático aprovaram o uso emergencial da vacina, que está na fase três de testes – quando a eficácia precisa ser comprovada. O produto obteve no sábado a recomendação de uso emergencial na Índia, mas os dados sobre a sua eficácia ainda são desconhecidos.
No Brasil, a comercialização de vacinas depende de autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Barbosa, disse que a expectativa é que o resultado dessa fase seja divulgado ainda em janeiro, o que levaria o laboratório a entrar com o pedido de registro na Anvisa em fevereiro.
“Inicialmente, a notícia era de que as clínicas privadas brasileiras não teriam doses disponíveis, porém, com a entrada desse novo ‘player’ no mercado, tivemos a oportunidade de negociação”, afirmou Barbosa, em nota.
“A ideia é conhecer se a capacidade de fornecimento existe e se não vai gerar uma expectativa frustrada no futuro”, afirmou. “Mas, segundo as tratativas, teremos uma vacina na rede privada em 2021, com certeza”, disse o executivo, na entrevista à emissora.
Disponibilização no segundo semestre
No início de dezembro, Barbosa falou sobre a expectativa de que as clínicas particulares poderiam começar a fornecer vacinas no segundo semestre. “A gente está brigando para ter um pouco a mais que as 5 milhões de doses ofertadas inicialmente”, disse Barbosa neste domingo.
O presidente da associação afirmou que a compra não inclui seringas e agulhas. “A vacina não vem pronta para uso, vamos depender de insumos que vamos negociar, mas ter o imunizante já é um grande passo.”
O executivo afirmou que na viagem poderá ter uma noção de qual preço será cobrado ao consumidor. Ele evitou dar prazos. “Os processos de importação para o privado são mais rápidos e tem menos burocracia, mas isso só vai acontecer no momento em que a Anvisa der o sinal verde, de que o produto está liberado para a comercialização”, afirmou.
Teste feito em 26 mil voluntários
Segundo a ABCVAC, a vacina já foi aplicada em 26 mil voluntários de 22 localidades na Índia. Foram duas doses, com intervalo de duas semanas entre elas, sem eventos adversos graves relacionados a ela.
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Em nota, a Anvisa disse que clínicas particulares precisam aguardar a autorização das vacinas no Brasil. “O registro da agência avalia segurança e eficácia. Uma vez aprovado, o produto pode ser colocado no mercado” diz.
Segundo o texto, apenas os laboratórios podem pedir o uso emergencial, “pois são os desenvolvedor” e não as clínicas.
Vacina chinesa
Em nota, a Bharat Biotech disse que iniciou procedimentos junto à Anvisa para “submissão contínua” dos resultados. Por este caminho, a empresa deve apresentar os dados das pesquisas em etapas, mesmo antes de finalizar todos os estudos. Mas a entrega de documentos ainda não começou. A ideia é acelerar o processo de registro na Anvisa. Só quatro laboratórios (AstraZeneca, Butantã, Janssen e Pfizer/BioNtech) já adotaram esse procedimento.
A Covaxin pode ser armazenada sob temperatura de 2 a 8 graus, mesmo intervalo utilizado na rede de frios do SUS. “A previsão é a de que seja lançada no mercado em fevereiro de 2021, e a projeção é a de que sua validade contra a covid-19 seja de 24 meses”, afirmou a associação das clínicas privadas.
Com informações da Folha e Estadão