Segundo o MST, cerca de 200 homens de cinco batalhões diferentes estão no acampamento Quilombo Campo Grande para cumprir a ordem de despejo
Desde a madrugada dessa quarta-feira (12), o acampamento Quilombo Campo Grande, que reúne 450 famílias sem-terra, está sendo alvo de despejo em meio a pandemia de coronavírus. A ação conta com dezenas de viaturas e policiais de outras cidades.
A reintegração de posse, que prevê a retirada da vila de moradores e da estrutura da Escola Popular Eduardo Galeano, foi emitida pela Justiça estadual. Segundo integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), a decisão descumpre acordo firmado em mesa de diálogo sobre o conflito, para que as famílias permanecessem no local ao menos enquanto houvesse necessidade de isolamento social.
Após mais de 12 horas de intensa mobilização virtual, política e de resistência dos acampados, o governador Romeu Zema (Novo) informou em seu Twitter que a ação de despejo foi suspensa. Porém, a polícia permaneceu no local. O comandante da ação disse ao MST que o despejo continua caso não receba a ordem de suspensão de forma oficial.
Horas após o pronunciamento de suspensão, Zema recuou alegando que a Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social encaminhou o pedido de suspensão à comarca de Campo Gerais, que não foi aceito.
“Ele é o governador. Ele podia dar a ordem para a polícia parar com essa atrocidade e se retirar, pelo menos enquanto recorremos na justiça. Todo mundo aqui está em risco agora, exposto ao Coronavírus. Em vez disso, ele se acovarda e inventa desculpas”, avalia Débora Mendes, da direção estadual do MST.
Segundo o MST, a ação já derrubou as estruturas da escola e de um barracão coletivo onde moravam três famílias. A polícia não soube apontar um local para acolher as famílias.
Reação
Nas redes sociais, inúmeros parlamentares publicaram vídeos solicitando a suspensão da reintegração de posse, assim como movimentos populares e setores da Igreja Católica. A tag #salvequilombo foi uma das mais comentadas do dia no Twitter.
A deputada estadual Beatriz Cerqueira (PT) alfinetou o governador: “Não tem apoio técnico que repare o que você fez com as famílias hoje. A reintegração começou no início da manhã. Está atrasado. Te procurei tem dias, assim como o deputado André Quintão e Rogério Correia e você manteve a violência praticada hoje!”.
Aproveitando a movimentação nas redes, o movimento organizou ainda uma petição online e o envio de mensagens ao site do Tribunal de Justiça de MG.
Como resultado da pressão, o Presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados (CDHM), 66 parlamentares e o presidente do Conselho Nacional de Direitos Humanos solicitaram uma reunião emergencial com Romeu Zema.
Com informações do MST