O desmatamento pode aumentar entre 122 mil hectares e 260 mil hectares nos países do Mercosul, sendo 55% desse total no Brasil, como consequência ambiental do acordo comercial entre a União Europeia e o Mercosul. Segundo pesquisadores, as salvaguardas ambientais existentes no acordo não são suficientes para reduzir o risco ao meio ambiente.
Os dados foram divulgados no estudo “O acordo UE-Mercosul é à prova de desmatamento?”, conduzido por quatro autores das universidades do Texas e da Purdue, nos Estados Unidos, e coordenado por Paulo Barreto, pesquisador associado do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) com apoio da organização europeia Fern.
Ainda segundo a pesquisa, Pará, Rondônia e Mato Grosso seriam os Estados mais atingidos na Amazônia e o risco seria maior perto de terras indígenas e unidades de conservação. No cerrado, a maior pressão estaria concentrada na região conhecida por Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia).
De acordo com reportagem do Valor Econômico, para calcular a variação de risco de desmatamento nos países do Mercosul foram analisados seis cenários que combinam critérios de nível de governança da terra, elasticidades comerciais e cultivos múltiplos. O período é o compreendido nos primeiros três anos.
“O pior cenário é o de baixa governança da terra, quando não se adotam cultivos múltiplos e há fatores de alta elasticidade, como o preço da carne ficar mais barato e o consumo aumentar”, explica Barreto.
O desmatamento na Amazônia aumentaria onde já ocorre, na região conhecida por arco do desmatamento. No cerrado, a maior pressão seria no Maranhão, seguido por Piauí e Bahia. “O acordo acrescenta ameaça onde ela já existe”, diz Barreto.
O argumento contrário à pressão sobre a vegetação é que o acordo Mercosul-UE tem um capítulo específico para mitigar as ameaças ao desmatamento. “Mas os mecanismos que existem são muito frágeis”, diz o coordenador do estudo. “O acordo só poderia ocorrer se o Brasil de fato demonstrasse redução do desmatamento e forte governança”, diz o pesquisador.
Com informações do Valor Econômico