
Um estudo divulgado nesta segunda-feira (26) diz que o cumprimento das metas do Acordo de Paris (COP21) pode gerar cerca de oito milhões de empregos diretos e indiretos no setor de energia. As metas do histórico acordo serão desenvolvidas em reuniões como a de Glasgow, na Escócia, entre os dias 1º e 12 de novembro de 2021, e seu principal objetivo é limitar o aquecimento global da temperatura média a menos de 2ºC até 2050.
Desde domingo (25), ministros do Clima e Meio Ambiente de 51 países estão reunidos em Londres, até esta segunda, para um reunião preparatória rumo à 26ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP-26), principal cúpula da ONU para debate sobre questões climáticas, também chamada de “a reunião de Glasgow”.
O ministro britânico Alok Sharma, presidente da COP26, conduz a reunião de dois dias, que aborda “questões-chave a serem resolvidas” na cúpula. O enviado dos EUA para o clima, John Kerry, enfatizou esta semana que a cúpula marcou um “momento decisivo” para o mundo “controlar a mudança climática”. “Em pouco mais de 100 dias, podemos salvar os próximos 100 anos”, acrescentou.
Aumento da temperatura do planeta
Algumas dessas “questões-chave” estão no estudo do professor Johannes Emmerlin, do Instituto Europeu de Economia e Meio Ambiente, que criou um conjunto de dados globais relacionando a geração de empregos e os esforços de 50 países para se adequar ao Acordo de Paris. Os resultados apontam o que será necessário para cumprir as metas de limitar o aumento da temperatura
Os resultados da análise de dados feita por Emmerlin apontaram que o que será necessário para cumprir as metas de limitar o aumento da temperatura a 2°C até 2050 têm o potencial de gerar cerca de oito milhões de empregos diretos e indiretos no setor de energia.
Atualmente, estima-se que 18 milhões de pessoas trabalham no setor de energia ao redor do mundo, de acordo com o pesquisador, esse número não deve cair nos próximos anos e, caso as metas do Acordo de Paris sejam atingidas, o número de empregos no setor deve chegar a 26 milhões em 2050, que devem ser gerados na fabricação e instalação de fontes de energia renováveis.
O estudo é o primeiro baseado em um conjunto de dados abrangente em mais de 50 países, levando em conta algumas das maiores economias produtoras de combustíveis fósseis. Para chegar a essa estimativa, o pesquisador combinou esses dados com um modelo de avaliação integrado, que ajuda a comparar como o desenvolvimento humano e as escolhas da sociedade se afetam entre si.
Segundo a pesquisa, do total de empregos que devem ser gerados até 2050, 84% seriam no setor de fontes renováveis de energia, 11% em combustíveis fósseis e 5% em energia nuclear. Hoje, o setor de combustíveis fósseis é o maior gerador de vagas no setor energético (veja o gráfico).

Leia mais: Natrium: o reator nuclear desenvolvido por Bill Gates e Warren Buffet
Acordo de Paris é viável no longo prazo
No cenário atual, 80% dos empregos que lidam com combustíveis fósseis estão ligados à sua extração. Segundo Emmerling, esses empregos devem diminuir rapidamente, mas essa perda deve ser compensada por um aumento no número de vagas nas indústrias de produção de energia solar e também de energia eólica.
“Os empregos no setor de extração são mais suscetíveis à descarbonização, então é preciso haver apenas políticas de transição em vigor”, disse o colaborador do estudo e doutor em Recursos, Meio Ambiente e Sustentabilidade, Sandeep Pai.
“À medida que mudamos para fontes de baixo carbono, é importante ter um plano em vigor para a aceitabilidade geral das políticas climáticas”
Sandeep Pai
Com informações do G1 e Olhar Digital