
Em depoimento à Polícia Civil, o policial militar (PM) George Tarick Vasconcelos Ferreira, de 33 anos, disse que assassinou Mateus Silva Cruz, de 19 anos, com 15 tiros dentro da delegacia da cidade de Camocim, no litoral do Ceará, “em um momento de fúria, levado por violenta emoção”, após ele ter passado pela vítima duas vezes para ir ao banheiro quando a vítima teria “lhe encarado e o desafiado”.
O termo foi defendido pelo então ministro da Justiça Sergio Moro em seu chamado “pacote anticrime”, que previa “excludente de ilicitude” – um abrandamento ou isenção da pena – a policiais que alegassem “escusável medo, surpresa ou violenta emoção” durante o que Moro considera “excessos”. O projeto não passou pelo Congresso Nacional.
Mateus Silva Cruz foi enterrado na manhã de segunda-feira (7) na cidade do litoral cearense, após ser assassinado na madrugada deste domingo (6).
Em meio ao seputamento, amigos e familiares do jovem fizeram um protesto para cobrar justiça pelo crime. Durante o cortejo do corpo para o cemitério, dezenas de pessoas se reuniram nas ruas da cidade, com cartazes “Justiça por Mateus”, além de homenagens. Durante o momento, várias pessoas choravam, enquanto cantavam músicas religiosas.
Para a família do jovem, além do PM que fez os disparos, outras pessoas devem ser responsabilizadas pelo crime, pois Mateus estava sob a custódia da Polícia Civil quando foi atacado.
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O jovem e o PM, que estava de folga, foram levados para a delegacia, por causa de uma ocorrência envolvendo os dois.
No local, enquanto aguardavam o procedimento, o militar atirou contra o homem que não resistiu aos ferimentos, segundo a Secretaria da Segurança do Ceará, que confirmou a prisão em flagrante do policial.
Familiares de Mateus dizem que a discussão entre os dois começou em uma festa que ocorria na Praia de Camocim. Segundo os familiares, o rapaz estava algemado e sem chances de defesa quando foi atingido pelos tiros. A nota da secretaria, no entanto, não confirma se a vítima estava algemada.
Por Plinio Teodoro