Praticamente todos os brasileiros têm sentido os efeitos perversos da constante alta dos preços sob o governo de Jair Bolsonaro (PL). Muitas famílias, especialmente as mais pobres, já cortaram gastos considerados supérfluos, como TV a cabo. Mas difícil mesmo é ter que cortar itens essenciais à sobrevivência, como comida, remédios e gás de cozinha. Inúmeros cortes que tiveram que ser feitos no orçamento de 64% da população nos últimos 6 meses.
É o que mostra a Pesquisa Comportamento e economia no Pós-Pandemia, encomendada pela Confederação Nacional da Indústria ao Instituto FSB de Pesquisa. Os dados mostram que em novembro do ano passado, 74% dos brasileiros já tinham reduzido suas despesas.
A forte alta dos preços é sentida por 95% da população. Percepção que cresceu 22 pontos percentuais em relação à pesquisa de novembro de 2021. Na época, 73% dos entrevistados disseram ter percebido preços mais elevados.
No estudo divulgado nesta quarta-feira (20), 87% dos entrevistados afirmaram que a inflação aumentou muito.
Os gastos que mais pesaram foram as contas de luz (59%), gás de cozinha (56%) e no arroz e feijão (52%).
O impacto dos altos preços é sentido por pessoas de idade e escolaridade diversas. E, no final das contas, 76% dos entrevistados se sentem financeiramente prejudicados pela inflação.
As que se sentem mais afetadas, no entanto, continuam a ser os mais pobres: sem escolaridade, com renda de até um salário mínimo, além dos moradores do Nordeste.
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“A guerra travada na Ucrânia trouxe mais incertezas para a economia global, o que impulsiona a inflação e desperta o temor de retrocesso da economia em todo o mundo. Diante dessa conjuntura tão difícil quanto indesejada, o Brasil precisa adotar as medidas corretas para incentivar o crescimento econômico, a geração de empregos e o aumento da renda da população. A principal delas é a reforma tributária”, considera o presidente da CNI, Robson Braga de Andrade.
Alegações de Guedes no FMI
Apesar da desastrosa política econômica conduzida pelo atual governo, a guerra na Ucrânia também é umas das justificativas usadas pelo ministro da Economia de Jair Bolsonaro (PL), Paulo Guedes.
Em sua fala ao Comitê Monetário e Financeiro do Fundo Monetário Internacional (FMI), em Washington, Guedes garantiu que o Banco Central está comprometido em trazer a inflação de volta à meta.
“A alta incerteza em torno das perspectivas globais, bem como os choques significativos na frente inflacionária e geopolítica, impulsionaram a volatilidade do mercado e, embora nenhum evento financeiro importante tenha ocorrido até agora, as repercussões para os mercados financeiros ainda estão se desenrolando”, disse ao se referir ao conflito.
Guedes insistiu nas reformas desastrosas que o governo Bolsonaro tenta emplacar sem sucesso no Congresso, como a reforma administrativa, que pretende desmontar o serviço público no país.
“O aperto da política monetária, assim como o crescimento global mais lento, desacelerou o ritmo de transição de nossa recuperação cíclica para o crescimento sustentável”, justificou.
Com informações do Metrópoles e Valor