
Por Plinio Teodoro
Na tentativa de superar resistências para fazer com que seu nome seja aprovado pelo Senado para ocupar a vaga deixada por Marco Aurélio Mello no Supremo Tribunal Federal (STF), André Mendonça tem se desdobrado para explicar a bajulação a Jair Bolsonaro (sem partido) durante o tempo em que esteve no governo.
Segundo o jornalista Lauro Jardim, no jornal O Globo deste domingo (8), Mendonça mente ao dizer que poder ser acusado de “prevaricação”, caso não obedecesse às ordens de Bolsonaro.
O termo é usado para classificar o crime cometido por funcionário público quando, indevidamente, retarda ou deixa de praticar ato de ofício.
Mendonça tenta convencer principalmente senadores da oposição, que foram alvos dele próprio quando esteve no governo.
Diferentemente do que prega no Senado, o ex-advogado-geral da União teve uma relação de total submissão a Bolsonaro – ao estilo Pazuello, de “um manda, outro obedece” – inclusive ao assumir temporariamente o Ministério da Justiça após pedido de demissão de Sergio Moro.
Mendonça peregrina em busca de apoio
Desde junho, Mendonça peregrina em busca de apoio dos senadores para sua aprovação ao cargo. A aprovação do advogado-geral da União para o Supremo depende do aval de ao menos 41 senadores, em votação secreta.
Apesar da resistência, os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso, Luiz Fux e Edson Fachin declararam, em julho, que a indicação do chefe da Advocacia-Geral da União (AGU) André Mendonça, o “terrivelmente evangélico”, é a “menos pior” entre os candidatos que tiveram seus nomes divulgados por interlocutores Bolsonaro: o ministro do Superior Tribunal de Sustiça (STJ) Humberto Martins e o procurador-geral da República, Augusto Aras.
Para os ministros, Martins e Aras seriam excessivamente benevolentes com a classe política, especialmente com os do Centrão. A aposta deles é que Mendonça, mesmo sendo defensor de Bolsonaro, ainda é sensível à pauta anticorrupção e não seria leniente com esses mesmos políticos.