A chanceler alemã Angela Merkel fez um discurso emocionado ao Parlamento no último sábado (30), reafirmando a importância da liberdade de expressão. Aos presentes, a chanceler alertou, no entanto, para o perigo dos discursos de ódio que muitas vezes surgem camuflados do direito de manifestação.
“Temos liberdade de expressão em nosso país. Para todos os que afirmam que não podem mais expressar sua opinião, digo-lhes: quem expressa a sua opinião tem que estar preparado para a possibilidade do contraditório e para assumir as consequências do que diz. Expressar uma opinião não tem custo zero. Mas a liberdade de expressão tem seus limites. Esses limites começam onde o ódio se espalha. Ela começa onde a dignidade de outras pessoas é violada, disse Merkel.
Analistas apontam que o discurso de Merkel também foi um recado a mandatários de países como o Brasil, em que os discursos extremistas ganharam força a partir da posse do presidente de Jair Bolsonaro (sem partido).
Brasil
No mesmo sábado, Bolsonaro usou sua conta oficial no Twitter para publicar um trecho de um vídeo em que o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, fala sobre liberdades.
“Reafirmo minha independência, meu compromisso com a Constituição e minha devoção às liberdades individuais”, disse Moraes na ocasião. “Desaparecendo a liberdade, desaparecerá o debate de ideias”, dizia o ministro, em um trecho do vídeo. A postagem veio acrescida de um comentário do presidente.
“Mais um vídeo de Alexandre de Moraes e as liberdades”, escreveu o presidente, ao publicar o conteúdo.
As publicações de Bolsonaro sobre Moraes ao longo da última semana ocorreram logo após o ministro colocar autorizar operações de buscas e apreensões em endereços de blogueiros e apoiadores do presidente, como parte das investigações sobre o esquema de fake news, que tramita junto ao STF.
“Ver cidadãos de bem terem seus lares invadidos, por exercerem seu direito à liberdade de expressão, é um sinal que algo de muito grave está acontecendo com nossa democracia”, escreveu Bolsonaro no Twitter naquele dia.