
O Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) afirmou que uma anotação apreendida com um corretor de imóveis é a nova prova contra o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), filho do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). A informação foi antecipada pelo jornal O Globo.
Segundo as investigações, Flávio teria usado dinheiro desviado do salário de assessores do seu antigo gabinete na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) para comprar dois apartamento em Copacabana, zona sul do Rio, em 2012.
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O senador e sua esposa, Fernanda Bolsonaro, foram denunciados pelo MP-RJ, assim como o corretor de imóveis norte-americano Glenn Howard Dillard, que representava o proprietário dos imóveis na operação financeira.
Anotações em uma agenda virtual mantida em nuvem por Dillard foram usadas pelos investigadores para sustentar a acusação de que Flávio e Fernanda usaram valores desviados da Alerj para pagar ao corretor valores não declarados nos registros formais das compras dos apartamentos.
Procurada pelo UOL, a defesa de Flávio disse hoje que o MP-RJ, “mais uma vez, abusa da imaginação e da criatividade na denúncia contra o senador”. “O fato de um corretor imobiliário ter recebido depósitos em sua conta bancária não significa que esses valores tenham sido depositados pelo senador ou pela sua esposa”, afirma a defesa, por meio de nota.
Entenda o caso Flávio
Em 30 de outubro de 2012, Dillar anotou “show [mostrar] BR96 e PJ 297” —para o MP-RJ, seria uma referência aos imóveis vendidos para Flávio, localizados na rua Barata Ribeiro, 96, e na avenida Prado Júnior, 297.
Em 6 de novembro, o casal Bolsonaro paga um sinal de R$ 100 mil pelos imóveis. A compra foi concluída em 27 de novembro, quando foram feitas as escrituras dos apartamentos. Na agenda de Dillard, nesta data, há a anotação “closing at [fechamento no] HSBC”.
Oficialmente, Flávio e Fernanda declararam ter comprado os dois imóveis por R$ 310 mil, com pagamento feito através de cheques de duas contas em nome dos dois. No entanto, a quebra de sigilo bancário de Dillard apontou o recebimento de mais R$ 638,4 mil na forma de dois depósitos em dinheiro vivo no mesmo dia e na mesma agência do banco HSBC.
“No intuito de dissimular a origem dos recursos, esses depósitos foram realizados com dinheiro em espécie, na mesma agência onde foram depositados os cheques dos denunciados Flávio Nantes Bolsonaro e Fernanda Antunes Figueira Bolsonaro”, afirmam os promotores.
Para o MP-RJ, a compra dos apartamentos com valores subfaturados e revenda poucos meses depois foi utilizada por Flávio para lavar parte dos recursos desviados da Alerj.
Com informações do UOL