
Na última sexta-feira (6), o presidente Jair Bolsonaro revogou o decreto que autorizava o Exército a ter sua aviação de asa fixa depois de a medida despertar críticas de oficiais da Força Aérea Brasileira (FAB). Conforme o Estadão expôs, a mais forte das críticas foi feita pelo ex-comandante da FAB, tenente-brigadeiro Nivaldo Rossato.
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O ex-comandante escreveu em documento enviado a brigadeiros que “alocar recursos de dezenas de milhões de dólares para treinar tripulações, adquirir e adequar aeronaves para o Exército enquanto dezenas de aeronaves da Força Aérea estão paradas por falta destes mesmos recursos chega a ser um acinte, no momento em que as dificuldades orçamentárias comprometem a missão das Forças Armadas”.
Revogação
O Ministério da Defesa não se manifestou sobre a carta de Rossato. Em nota, a pasta informou ter constatado, após a publicação do decreto, que a redação usada “permitia entendimentos diversos e não desejados na proposição da medida”.
Oficiais da Aeronáutica disseram que o decreto era tão abrangente que permitia ao Exército ter qualquer tipo de aeronave de asa fixa, até aviação de caça. A nota do ministério concluiu afirmando que, “a fim de promover o reestudo da proposta, o MD solicitou, de forma imediata, sua revogação”. Assim, a situação voltou à definida pelo decreto anterior, de 1986, que autoriza ao Exército ter apenas helicópteros. Brigadeiros ouvidos pelo Estadão comemoraram a revogação do decreto.
A Defesa não disse por que o parecer feito em 2016 pelo general Carlos Alberto dos Santos Cruz, que aconselhava o Exército a renovar seus helicópteros Puma em vez de comprar aviões foi deixado de lado. Embora a medida tenha sido submetida à aprovação do comando da FAB, ela acabou – nas palavras de um tenente-brigadeiro -, apenas “deglutida” pela Força.