O Twitter removeu, na noite desta quarta-feira (6), duas postagens do presidente Donald Trump, nas quais ele insistia na teoria de fraude nas eleições americanas em que saiu derrotado. Em seu lugar, a rede social agora exibe a mensagem “este Tweet não está mais disponível“. A ferramenta também bloqueou, por 12 horas, novas postagens, respostas e compartilhamentos na conta do mandatário, de acordo com a rede NBC. Se houver reincidência, a conta poderá ser definitivamente banida.
Em uma das postagens censuradas, Trump dizia que o vice-presidente Mike Pence “não teve a coragem de fazer o que deveria ter sido feito” para proteger o país e sua Constituição. Antes da exclusão, a rede social já havia colocado um aviso de que a mensagem não poderia ser compartilhada ou comentada por outros usuários devido ao “risco de violência” que oferecia.
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A outra postagem difundia um vídeo em que Trump pedia aos manifestantes que fossem “para casa, agora”, além de chamar as eleições de fraudulentas. O Facebook e o YouTube também retiraram a publicação do ar.
“Como resultado da situação violenta sem precedentes e contínua em Washington, DC, exigimos a remoção de três tweets de Donald Trump que foram postados hoje por violações repetidas e graves de nossa política de integridade. Isso significa que a conta de Donald Trump ficará bloqueada por 12 horas após a remoção desses Tweets. Se os Tweets não forem removidos, a conta permanecerá bloqueada”, afirmou o Twitter.
Ao longo do dia, Trump também fez outras declarações polêmicas. “Isso é o que acontece quando uma vitória sagrada nas eleições é arrancada de forma violenta e sem cerimônias de grandes patriotas”, escreveu, sem novamente apresentar provas de suas acusações.
Incentivo de Trump à invasão do Capitólio
A invasão do Congresso americano aconteceu poucos minutos depois do próprio presidente americano, durante uma manifestação, insuflar os ativistas a se dirigirem até a sede do Legislativo. “Eu estarei com vocês. Vamos andar até o Capitólio e felicitar nossos bravos senadores e congressistas”, disse. Ele, porém, não foi visto na marcha.
Depois da fala, o grupo de apoiadores de Trump invadiu o Capitólio, impedindo a contagem oficial dos votos do Colégio Eleitoral definidos nas eleições presidenciais de novembro e que deram vitória ao opositor de Trump, o democrata Joe Biden.
Segundo relatos da imprensa americana, durante os confrontos, uma mulher foi baleada e acabou morrendo. Após mais de três horas de tensões, a Polícia conseguiu retirar os manifestantes que invadiram, saquearam e vandalizaram escritórios do Congresso. Apesar disso, legisladores, funcionários e jornalistas continuaram confinados em abrigos do complexo por horas.
“Isso não é um protesto; é uma insurreição”
Os agentes apreenderam cinco armas e detiveram ao menos 13 pessoas durante os atos. As armas de fogo incluíam revólveres e armas longas, e nenhuma das pessoas presas era moradora de Washington, informou a polícia. Na mesma entrevista coletiva concedida pela polícia, a prefeita Muriel Bowser classificou os protestos como “vergonhosos” e “antipatrióticos”. Ela decretou toque de recolher na capital do país entre as 18h desta quarta e as 6h de quinta (7).
Já o presidente eleito dos Estados Unidos, Joe Biden, disse em um pronunciamento que os acontecimentos desta quarta-feira “não refletem a verdadeira América e não representam quem nós somos”.
“A esta hora, nossa democracia está sob um ataque sem precedentes. Diferente de tudo que vimos nos tempos modernos. Um ataque à cidadela da liberdade, o próprio Capitólio. Um ataque aos representantes do povo e à polícia do Capitólio, que jurou protegê-los. E os funcionários públicos que trabalham no coração de nossa República”, afirmou.
“O que estamos vendo é um pequeno número de extremistas dedicados à ilegalidade”, disse. “Essa desordem, esse caos – isso tem que acabar, agora”. “Peço ao presidente Trump que vá à televisão nacional agora, para cumprir seu juramento, defender a constituição e exigir o fim deste cerco”, acrescentou. “Isso não é um protesto; é uma insurreição. O mundo está assistindo”, disse no pronunciamento feito no teatro The Queen, em Wilmington, Delaware.
Sessão retomada
O Congresso norte-americano retomou a sessão conjunta que certificou a vitória de Joe Biden à presidência às 22h. Apesar do toque de recolher imposto em Washington, muita gente continuou pelas ruas da cidade. Biden assume oficialmente o cargo de presidente dos EUA a partir do dia 20 de janeiro.
“O ataque não vai nos deter de cumprir a responsabilidade de validar a vitória de Joe Biden”, escreveu Nancy Pelosi, presidente da Câmara dos Deputados, em uma carta aos colegas congressistas na noite da quarta. Segundo a parlamentar, a decisão de seguir adiante foi tomada após consultar o Pentágono, o departamento de Justiça e o vice-presidente, Mike Pence.
“Seremos parte da história enquanto uma imagem horrível de nosso país foi divulgada ao mundo”, disse a democrata.
Com informações da Folha de São Paulo, NBC e G1
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